quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Episódio 2 - Saga Irreversível : Quem são vocês?

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Olhando assim a televisão pelo reflexo do espelho, eu pensei ser somente mais um rumor, como aquele dia no shopping. Mas a situação foi a mesma nesse calor do momento.

As pessoas já começavam á dobrar seus olhares, olhar torto, mirarem seus pratos e conversarem em um tom de voz quase mudo:

- Este povo é doente.

Ressaltou Luan, e continuou:

- Quer sair daqui?

E eu com os olhos já marejados respondi:

- Faço questão de ficar e me torturar.

A matéria, sensacionalista como todas as outras, fez um retrospecto de todos os acontecimentos, desde meus minutos de heroísmo ao entrar na catedral, até a minha ruína ao enfrentar meu irmão em praça pública. ninguém nunca pensou que a polícia estava presente e não fez nada? Não porque haviam muitos curioso. Bem, talvez, mas não fizeram nada, não porque não podiam, mas porque não queriam. Eles foram inteligentes o suficiente para perceber que a única forma de sair daquela situação, era pelas nossas próprias mãos.

A matéria se encerrou com uma foto da minha casa, mas eu não morava mais lá. Lembrei que minha mãe estava em casa, sozinha, e usei isso como desculpa para sair dali.

- Vamos logo com isso que preciso voltar para casa. Minha mãe está sozinha.

- Já entendemos.

Responderam os dois ao mesmo tempo.

Quando nos levantamos para sair, o atendente, um senhor de cabelos bem grisalhos, baixo, japonês e com o sotaque carregado, se dirigiu até a gente e tentou falar algo:

- Por favor! Não "volta" mais aqui. Eu não "querer" confusão.

Eu juro que ia ficar calado, mas Juan não pensou duas vezes:

- Faremos questão de não voltar mais aqui "Sr. Miyagi".

Subimos a ladeira em direção ao metrô, e então fomos até onde o carro estava estacionado.

As piadas e brincadeiras dos gêmeos iam me confortando conforme passava os minutos. Mas minha cabeça não deixava de pensar que minha vida estava uma droga completa, e que não tenho forças para fazer absolutamente nada para mudar.

- E se continuar pensando assim, não vai mesmo.

Disse Juan, e eu sem pensar muito perguntei:

- Porque?

- Se eu te desse o maior soco da história na sua cara agora, o que faria?

- Revidaria.

- E desde quando você tem todo esse respeito pelas coisas que te fazem mal? Se a vida esta lhe dando socos, revide. No começo você vai ser somente um retardado batendo os braços, sem coordenação alguma. Mas se cair e for se levantando, uma hora vai aprender á brigar de uma tal forma que jamais levará um soco novamente. E se levar, não irá ao chão.

Esse desgraçado agora lê pensamentos também?

Me despedi deles naquela noite, entrei em casa completamente arrasado, de como eu não conseguia esquecer nesses anos, tudo o que aconteceu. Minha mãe mais uma vez, me viu naquela situação, e obviamente lhe partiu o coração. Mas o que eu tinha á fazer? Entrei no meu quarto, deitei com a roupa que estava, e como nos bons e velhos tempos, chorei. Chorei como criança. O peso da minha vida e de minha história se dividiu para molhar meu rosto. E eu que me achava tão novo.

Treinei a manhã toda nos fundos da casa. Tem alguns pesos, dentre outras coisas que utilizo para me manter em forma. Durante á tarde não fiz muita coisa, conversei um bom tempo com minha mãe, dona Viviane para as vizinhas. Ou mãe do assassino, mãe do herói. Não sei o que os outros pensavam, e ela também parecia não querer que eu soubesse. Mas não fazia diferença, nem para mim e nem para ela pelo visto.

Mais uma noite caiu, e, bem, para quê eu tenho campainha em casa mesmo?

- Aqueles seus amigos com sérios problemas mentais estão berrando o seu nome constantemente no portão Chris.

- Avisa eles que já estou indo mãe.

- Eu já fiz isso, e eles começaram á gritar mais e mais alto.

Eu não sabia se ria ou se chorava. Me troquei rapidamente e corri para o portão. Me deparo com os dois em silêncio me olhando com cara de bunda.

- Nós não queríamos correr o risco que você não ouvisse a gente e...

- Ah! Claro. E minha mãe não falou nada?

- Na verdade não ouvimos, pois estávamos gritando alto demais para isso.

- Luan, vou fingir que não era comigo.

E os dois caíram na gargalhada.

O lugar estava completamente lotado. Nunca vi tantas pessoas no Kazebre, mas como era o último dia, me dei ao luxo de suportar tamanha balburdia, afinal, não se tem um fim duas vezes. Fiz questão de comprar os ingressos e mostrar meu RG dessa vez, o que mais uma vez, levou os gêmeos á rirem. Entramos, e me senti completamente indisposto. Tanta gente, não iria demorar muito para alguém vir me aborrecer, ainda mais depois da matéria de ontem na TV.

Com muito esforço, conseguimos ficar ao lado esquerdo do palco, em um enorme amontoado de pessoas. Quando a banda CPM22 subiu ao palco e começou á tocar. Eu não queria me envolver como antes, queria somente cruzar meus braços, segurar uma lata de cerveja ou estar abraçado com alguma garota, enquanto batia os lábios fingindo saber as letras das musicas, e quando chegasse uma parte da musica do qual eu não soubesse, eu virava para procurar alguém, fingindo estar esperando. Mas, quem respeitaria essa minha decisão, quando se esta do lado dos seus melhores amigo? O empurra-empurra estava tão forte, que eu sentia os caras suados encostando em mim, e ainda queria me limpar. Mas não dava, era apertado demais, e então pensei: "Quer saber? FODA-SE!!!". Ali sim, os gêmeos olharam um para o outro indignados com minha atitude, e entraram pra valer no bate-cabeça á nossa frente. E foi ali que lavei toda a minha alma e me diverti como não me divertia há muito tempo.

Passada algumas musicas, resolvi desistir um pouco e sai. Luan e Juan também não aguentariam por muito tempo e me seguiram.

- Vou descansar um pouco. Vou me sentar ao lado da fogueira.

Juan me respondeu:

- Tudo bem, já estamos indo lá.

Me sentei em frente á fogueira, e pela primeira vez, me peguei pensando em coisas boas. Tive a leve e doce ilusão de que tudo poderia não estar perfeito, mas talvez eu finalmente tivesse pensado em algo para tornar tudo melhor.

Foi quando uma mão tocou meu ombro, olhei para trás, jurando ser os gêmeos, mas vi foi um grupo de garotos mal vestidos, que claro, estavam com cara de querer estragar minha noite:

- Chris certo?

- Eu.

- Temos algumas perguntas para lhe fazer.

- Vocês podem tentar o Google.

- Muito engraçado. Mas não vou perder a cabeça com você, porque essa ainda não é a nossa intenção.

- O que vocês querem?

- Já disse, queremos somente fazer algumas perguntas.

- Eu não quero ser perturbado, se não se importam...

Tentei sair, mas esse que falava pelos outros era mais forte, e mais alto. Colocou o braço no meu caminho, e tentou me botar medo.

- Vi você na TV.

- Se me viu na TV, deve saber do que sou capaz.

- Você não matou seu irmão porque quis, matou porque teve de fazê-lo.

- E quem é você para me dizer o que penso ou deixo de pensar.

- Eu sou quem você quiser, se me der a oportunidade de explicar.

- Quero que você morra.

- Você é capaz de fazê-lo?

Olhei para ele com todo o meu ódio, mas quando fui responder, Luan gritou por trás de todos eles:

- Se ele não for, nós seremos

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Episódio 1 - Saga Irreversível : Um novo começo

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Não me sinto como antes, não gosto de ajudar mais ninguém, a faculdade me fez mal eu diria. Gastei muito mais o meu dinheiro com cerveja e coisas futeis, do que com a real importancia que a faculdade me traria. Comecei e terminei namoros em pouco tempo, não viajei, não joguei mais video-games, não tenho mais um melhor amigo, e sim, um monte de "camaradas" que me chamam para beber. E para ser sincero, a faculdade só me mostrou que não sou capaz de fazer o que gostaria. Todas as áreas são saturadas, todos os alunos estão na fila da mesma coisa que eu, tudo muda de uma forma da qual eu não posso acompanhar. Sabe como era antes? Eu não sabia do que se tratava a publicidade, então, para mim era tudo fácil, era só eu usar a minha imaginação, e um castelo de oportunidades se construiria em minha frente. Tudo bem, em nenhum do lugar do mundo isso é possível agora. Mas ainda sinto que tudo passa rapidamente frente os meus olhos, como se eu tivesse sentado nesse banco, olhando pela janela, e vendo cada árvore passar rapidamente, como se cada uma fosse algo que perdi:

- Lá se vai uma viagem que deixei de fazer.

- O que?

- Nada! Estou pensando alto.

Não gosto de chatear ninguém com meus problemas, e Luan já tinha um bem grande pela frente:

- Como acha que seu irmão vai estar?

- Acho que ele vai estar parecido comigo.

Ao menos ele não perde mesmo o bom humor, e depois de rirmos:

- Sei lá cara, acho que barbado ele não vai estar, afinal, eu também não tenho barba. Provavelmente ele vai estar bem mais magro.

- E acha que ele quer mesmo sair dessa?

- Bom! Ele mesmo quis entrar nas drogas certo? Ele mesmo quis ir para uma clinica de reabilitação, e ele mesmo agora quer sair. Ele pode ser um usuário, mas ao menos é sensato.

Luan conhecia mesmo seu irmão, afinal, é essa ligação mágica que une os irmãos, sinto falta disso desde que matei meu irmão, mas não éramos gêmeos, com Luan e Juan essa ligação deve ser incrivelmente maior.

- O que tem feito além da faculdade? Pegou bastante mulher?

- Ah! É tudo muito complicado, as garotas são 8 ou 80, ou elas me odeiam pelo que viram na TV, ou querem loucamente transar comigo, é difícil saber se existe alguma garota que realmente sinta algo por mim.

- E a Sil? Nunca mais?

- Nunca mais. Não sei o que ela faz, não sei se ainda mora no mesmo lugar, não sei nada.

- Porque não pergunta para Kau?

- E parecer que sou um chorão mela cuecas atrás de uma garota? Que se foda.

- É isso ai, que se foda.

- E você?

- O que dá pra fazer sem família né? Um pai desaparecido e um irmão drogado, só me restou se trancar naquela casa enorme e trabalhar como um escravo.

- Esta fazendo o que?

- Ainda faço edições de videos para algumas empresas, de uns tempos pra cá alguns canais de TV também contrataram minha mão de obra, mas faço por diversão.

- Como diversão? E dinheiro?

- Cara, estou te falando, o que meu pai deixou ainda rende mais dinheiro por mês, o que eu recebo em 10 anos de trabalho.

- E você gasta?

- Quase nada, só pego o que precisa para pagar os funcionários da casa e as contas, não dá 1% do que ganho mesmo assim.

- Meu deus! E o que faz com o resto?

- Vai tudo para a empresa de pesquisas do meu pai, só não me pergunte mais, porque além disso, eu também não sei.

Depois de mais de uma hora dentro do carro, viramos uma estrada de terra, onde havia um enorme portão de madeira, Luan desceu e tocou o interfone:

- Luan Cargnielli.

Disse ele aos berros:

- Vim buscar meu irmão, Juan Cargnielli.

Em meio á uma fina garoa, com o ouvido colado no interfone, ele pode ouvir:

- Estacione na primeira casa, espere alguns minutos.

Estava frio, eu coloquei a touca e fiquei o tempo todo com as mãos no bolso, e depois de uns 15 minutos, olhei para o lado, e virava o corredor da casa, a figura magra e estranha de Juan, aparentemente exausto:

- Eae minha familia.

Abraçou forte seu irmão, e ficaram assim por mais de um minuto, choraram, largaram, se olharam no fundo dos olhos, e claro, brincaram:

- Você até que não esta tão mal.

- Para um espantalho, não estou mesmo.

Me olhou com um olhar carinhoso até, e percebeu que eu estava muito espantado, e tentou quebrar o clima:

- Você deve estar pesando, "nossa como ele esta magro". Mas meu problema se resolve com comida, porque você esta feio demais cara.

Obviamente eu ri, abracei ele fortemente, era como se eu também estivesse abraçando um irmão, e ele retrucou, como se tivesse lendo minha mente:

- Sim meu caro amigo! Você esta abraçando um irmão seu agora. E eu estou melhor do que nunca.

Não dava pra encarar Juan como um drogado, ele parecia estar feliz de ter ficado ali, o que prova que a escolha foi mesmo dele:

- Vamos embora agora, tenho um mundo para rever, tchau madrinha, se cuida, volto em breve para ajudar vocês, palavra de escoteiro.

Uma mulher de avental, cabelos bem embaraçados e com os olhos marejados, levantou um sorriso de canto e retrucou:

- Te cuida, doidão.

Doidão foi o apelido que ele ganhou na clinica, agora ele brinca como antes, porém, suas palavras são na medida, e ele parece saber exatamente cada detalhe que aconteceu o seu redor, o simples fato de me encarar, já dava á ele todas as informações sobre o que eu estava sentindo no momento, ele olhou para mim pelo retrovisor, e me indagou:

- E se eu te chamar de assassino, como se sentiria?

Eu não gostei do comentário, mas também não me senti mal por isso, e fui sincero:

- Eu sei que você é testemunha de tudo o que aconteceu, e sabe que essa não é a verdade, não me importaria se me chamasse assim, provavelmente estaria brincando.

- Muito bem! Agora repita comigo, drogado.

Eu não entendi, mas repeti:

- Drogado.

- Eu sei que você é testemunha de tudo o que aconteceu, e sabe que essa não é a verdade, não me importo que me chame assim, provavelmente estaria brincando. Agora desfaça essa cara de assustado senão serei obrigado á te levar ao Kazebre e te jogar no bate cabeças para te matar, entende?

Eu ri, e entendi o recado, ele percebeu o quanto eu estava desconfortável:

- Mas tenho uma triste noticia para te dar.

E Luan completou para mim:

- O Kazebre fechou cara.

- Como assim fechou? Esta de brincadeira certo?

- Pior que não, fechou mesmo, existe uma faixa na frente do local, e esse final de semana haverá um ultimo show.

- De quem?

- CPM22.

- Caralho! Que lixo.

Entrei na conversa:

- Como assim lixo? Eu gosto, queria o que? Essas bandas de agora?

- Cara eu estou há um ano preso dentro de uma clinica, vão ter que me atualizar.

Luan então ligou o rádio, e colocou em uma rádio, que antigamente tocava somente Rock ´n Roll, e estava tocando uma musica dessas bandas atuais, e para espanto de Juan:

- Parem o carro e voltem agora, eu quero voltar para a clinica, é sério!

Rimos por pelo menos uns 5 minutos.

Pela milésima vez, expliquei o quanto não superei a perda da Sil, o quanto me senti vazio durante a faculdade, e de quanto o mundo me odeia e me ama por eu ser um famoso anônimo entre o que eu chamaria de humanos normais. Ao contrario de mim, Luan levava uma vida completamente diferente esses 4 anos, Juan também, apesar de nesse último ano ter se viciado demais, mas uma coisa nos ligava:

- Tem treinado Chris?

- Sim! Bastante.

- Irmão?

- Muito também.

- Certo. Apesar desse meu vacilo esse último ano, tentei me manter bem fisicamente, mas vou ter que correr atrás do prejuízo. Vou começar tomando um banho.

Subiu as escadas, e eu esperei para fazer mais uma de minhas perguntas:

- Só me explica, porque ele caiu nessa, e você não?

- Somo gêmeos, não somos a mesma pessoa. Ele começou á tentar entender demais as coisas, foi ficando cada vez mais louco, obcecado, e pirou de vez.

- Eu imagino, e ele conseguiu entender algo?

- Nada! Eu me afastei, fui tentar levar uma vida normal, ele ia atrás de respostas, e só achava mais perguntas.

- E o que vai ser daqui pra frente? Vão atrás do seu pai? Aposto que ele é a resposta.

- Ou talvez, mais perguntas. O velho esta tão louco quanto Juan, logo mais ele aparece dizendo asneiras novamente.

- E o navio?

- O ancorado em Santos? Viu o que aconteceu?

- Vi que tentaram invadir, e se deram mal.

- Brasil esta culpando Portugal, porque foi lá que o navio foi visto pela última vez.

- Nada á ver, uma coisa não justifica a outra.

- Explica isso para esse povo imbecil. Mas eae, vamos amanhã?

- Onde?

- Kazebre uai, ou vai querer perder o ultimo dia de funcionamento do lugar onde viramos amigos?

- Vamos sim, demorou. E o que vamos fazer hoje?

- Juan precisa ver como estão as coisas, vamos dar um role pelo centro da cidade. Vamos juntos?

- Claro! Não estou fazendo nada.

Novamente no carro, olhando o mundo passar no banco de trás, ouvindo esses dois fazerem todo o tipo de piada. Paramos o carro em frente á praça da Sé, o cenário que eu odiava, mas não quis falar nada, descemos do carro para tentar reviver tudo em palavras. Juan andou até o marco zero:

- Não queria respostas, não queria perguntas. Queria era não ter vivido tudo isso.

E eu não pude deixar de lembrar de tudo o que eu passei ali:

- Imagine eu. Se eu pudesse voltar no tempo.

- Não mudaria nada meu amigo, precisamos de você assim, como é agora. Tudo isso formou o seu caráter.Você é menos que alguns, mas maior que muitos, ainda vai descobrir que é essencial para si mesmo e todos nós.

Eu só conseguia pensar em uma coisa. Poxa vida, Juan ficou realmente lelé da cuca, birutinha de vez.

- Vamos comer algo.

Luan estava mais calado. Mas começou á falar de um restaurante japonês, logo ali na Liberdade, que era ótimo e barato.

Fomos andando, e claro, lembramos do fatídico dia onde quando fomos todos juntos para festa anual, enquanto conversávamos:

- A culpa foi sua né Juan, você sabe. - Disse Luan

- Minha culpa do que?

- Da morte do Roger.

- O que eu tenho haver?

- Quando ele te pediu o celular no metrô, e você jogou, percebeu que ele era canhoto e disse que ele iria morrer cedo, foi macumba sua cara.

- Meu Deus eu nem lembrava mais disso cara.

Eu assumo que ri da ironia, mas foi um comentário realmente assustador, eu também não me lembrava disso.

Entramos no restaurante, era apertado, e tinha que subir umas escadas. Você pedia na entrada, e depois eles entregavam o prato escolhido na sua mesa, o problema é que o garçon subia as escadas e gritava seu nome, então eu não me surpreendi quando o garçon apontou na escada e gritou:

- Astrogildo!

Continuamos conversando, quando olhei para a figura espantada de Juan, que era o único na mesa virado para a TV do lugar, eu pude olhar o reflexo pelo espelho, e fiquei muito pior quando vi o meu rosto como noticia principal, Luan se virou e com um grito me indagou:

- Porque você esta na TV?

- Bom! É o que vamos descobrir agora.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Resenha com leitores

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Olá galera! Eu sou o Bbk como todos já sabem hehe... e sou eu quem tive a idéia de escrever o blog e tudo mais. Queria um momento para discutir com todos vocês sobre o que acham do blog, da história e tudo mais. E é por isso que estou escrevendo isso. Vou tentar ser o mais breve possível.


Nada disso que vocês leêm no blog, é programado, eu não tinha pretenção alguma de terminar a saga na semana do fim do ano de 2010, mas achei legal acontecer assim. E a história, eu só sei os fatos mais importantes, os textos saem todos de uma vez em longas madrugadas na internet. Eu queria então, pedir á todos vocês, um pequeno favor e dizer algumas coisas.


Primeiramente, eu gostaria de dizer que eu me sinto MUITO feliz quando escrevo a história, eu ando na rua ouvindo musica e criando tudo na minha cabeça, para quando chega a noite, botar tudo em pratica, mas é dificil pensar em cada detalhe e não me enrolar, o que acontece muitas vezes. Portanto, perdoem os erros de português e os detalhes que provavelmente passam em branco. Também estou dando um jeito de arrumar o layout e outras coisas do blog, pois acho tudo simples demais, se souberem quem possa ajudar. Mas estou tentando.


Segundamente, eu queria pedira á todos, que COMENTEM esse post, para eu ter uma real idéia de quantas pessoas acompanham o blog. Não que isso me deixe mais importante, mas é porque a analise do Blogspot.com não é confiavel e tudo mais, então, seria de grande utilidade, eu saber PARA QUEM estou escrevendo a história, assim, não corro o risco de a decepcionar ninguém. Mesmo sabendo que vai acontecer, posso amenizar a situação.


Terceiramente, entrarei em recesso até janeiro, eu sei triste isso, mas em Janeiro, ja começo á postar a nova saga. Percebo que algumas pessoas ja tem duvidas, e muitas questionam as coisas, então resolvi fazer o seguinte: Dia 21 de Janeiro, estaremos mais ou menos no segundo EP da saga Irreverssivel, e provavelmente eu não vou escrever nessa semana, pois estarei acampado na CAMPUS PARTY em SP. Então tive a ideia de fazer uma twittcam enquanto estiver lá, assim, poderei responder as perguntas de todos, o que acham da idéia? Curtiram? Respondo tudo na lata lá, e podemos discutir sobre a história e tudo mais. Mas se tiverem perguntas para serem respondidas, mandem para o e-mail 7jollyrogers@gmail.com e eu respondo no dia. Fica marcado então para SEXTA-FEIRA, 21 de JANEIRO de 2011, a twittcam beleza? Provavelmente no periodo da noite, ás 20:30 em diante.


E por ultimo, quero fazer uma mini "promoção", para podermos ajudar á divulgar o blog. O meu principal objetivo, é mandar um email para o pessoal do blog JOVEM NERD, porque muitas coisas que escrevo, sofro influencias de dicas e coisas deles, ou seja, se eu conseguisse 1% do publico deles, seria ideal, eu teria exatamente as pessaos que eu gostaria para dar palpites e ajudar. Então, quem puder ajudar mandando email para eles, por favor, fico feliz. E para divulgar o blog, bolei algumas coisas.

Vocês podem divulgar pelo orkut, clicando naquelas promoções, é só clicar AQUI.

E depois em PROMOVA.

Se preferirem, também pode ajudar divulgando pelo twitter, só colocar a rashtag #7jollyrogers e citar um trecho da história que mais tenha gostado. Para quem não sabe, o meu twitter é o @7Bbk.

E por ultimo, a idéia que tive para trazer mais leitores.

VOCÊ PODE SER TORNAR UM PERSONAGEM DA 7 JOLLY ROGERS !!!

Essa é legal hein? kkkk. Funciona assim, vocês indicam o blog para um amigo, ele lê, se ele gostar, ele pode Twittar por quem foi indicado, por exemplo, se a Kau indica o blog pra alguém, e esse alguém gosta, essa pessoa pode twittar assim:

" Adorei a história do blog que estou lendo #7jollyrogers , quem indicou foi a @kau "

Eu busco depois por pesquisas, se vcs não tiverem twiiter, sem problemas, é só mandar o Email do blog, e a pessoa dizer quem foi que indicou. Não esqueçam

7jollyrogers@gmail.com

A história ainda tem alguns personagens sem nomes completos, e ainda terão muitos personagens novos. Quem indicar mais leitores, eu dou um jeito de colocar o nome da pessoa, e o sobrenome, e ainda deixo a pessoa que ganhou escolher a situação, e se for em SP, até o lugar. Como ela preferir.

Bom galera!! Foi a unica idéia que tive para divulgar o blog, se alguém puder contribuir com mais coisas, o email esta ai, e eu leio sempre os comentários do pessoal. Fico feliz de saber que tem gente que gosta de ler, assim como eu gosto de escrever.

MUITO OBRIGADO Á TODOS VOCÊS, QUE VOCÊS TENHAM UM MARAVILHOSO ANO NOVO, E QUE 2011 SEJA CHEIO DE AVENTURAS E DE NOVAS DESCOBERTAS. ESPERO QUE TODOS VOCÊS VENÇAM OS DESAFIOS DA VIDA REAL.

ABRAÇOS!!!.

@7Bbk

Prólogo - Saga Irreversível

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Queria comemorar esse teto novo. A minha primeira visão quando acordo, essa infiltração deixa as paredes geladas e esse quarto mais frio ainda.

Não posso reclamar, os dias que passei na prisão foram bem piores, acredito eu. O medo que eu tinha de acordar e olhar para o lado são bem menores depois desses ano. Eu me tornei uma pessoa fria, assim como esse quarto. Tudo bem, vou comer algo.

Essa cozinha é bem maior do que a da outra casa. Minha Mãe parece mais cansada, mais velha. Mesmo que só tenha passado 4 anos, o que ela passou em 1 deve ter envelhecido ela em mais alguns, assistir ao vivo um filho matar o outro. Eu mesmo não suportaria. Mas ela me entende, ficou do meu lado o tempo todo, e ainda consegue abrir esse lindo sorriso quando me vê com os olhos fechados, como quem acabou de acordar.

Pareço um adolescente sem vida ainda, mal acordei, e já liguei o computador. Mas mal consigo fazer alguma coisa, apesar dos anos, ainda recebo milhares e milhares de e-mails todos os dias. Tenho milhares de amigos no Facebook, e é quase impossível visitar um shopping ou qualquer local publico. Uns acham que sou um herói, que fiz o que tinha que fazer, e que ainda serei util. Outros, acham que sou assassino, frio e calculista. Mas o que eu acho? Na verdade nem sei.

Abro sites de noticias, pararam um pouco de falar do tal navio parado no porto de Santos desde o dia em que Brian reapareceu, e sumiu novamente. Ele seria a chave, seria as respostas. Mas ele tem o dom de desaparecer sem deixar rastros. Talvez os gêmeos pudessem ajudar, mas como eu falaria com eles? Eu queria chamar eles para o Kazebre hoje, vai tocar o CPM22, sempre gostamos dessa banda. Eu não sei em qual centro de recuperação Juan esta. Desde que Brian e Luan sumiram, e ele optou por ficar, se afundou mais e mais nas drogas.

Odeio esse sofá, ele é bem mais duro, parece que a qualidade das coisas pioram com o tempo. E esse controle remoto? Vive sem pilhas. Tudo bem, eu me levanto para ligar a TV eu mesmo.

Outra vez esses caras? Renegados? Um bando de nerds que querem aparecer. Os jornais sempre falam deles. Dizem que é um grupo de adolescentes que lutam por um mundo melhor, criados depois da morte de Dan, para que as ameaças fossem combatidas. Dizem que treinam muito e arduamente, eles tem medo. O medo que eu tenho e o medo que todos tem, medo do que possa sair do navio de Santos. Por isso eles não param de me procurar, nunca me deixam em paz, como se eu fosse um líder para eles. Líder de que? De um grupo de adolescentes que segundo eles, estão se preparando para a "batalha final", essa galera assiste filmes demais. Mas não posso deixar de pensar, no que Brian disse. Que o criador da espada achou o Brasil, Dan não era o inimigo e que precisamos estar prontos. Ok, ok, ok. Eu assumo, ando treinando, ando treinando bastante, já sei lutar bem mais, e desde meu contato com a espada, minha força é maior, meu pensamento é mais ágil e me supero cada dia mais. Mas fiz isso para me superar. Ou superar ela.

Ligo para Kau? Hum, melhor não. Ela vai me achar um perdedor e achar que ainda quero ficar com Sill. E é a verdade, mas não quero que ela pense isso. Me disseram que com o tempo, se eu for frio, o que tem que acontecer, vai acontecer.

É o caralho! Acordo todos os dias querendo que aconteça todos os dias, que seja tudo, ou que seja nada. Queria resolver isso, mas não com ela, queria resolver comigo. Será que estou perdendo o controle? E se eu tivesse sido cortado com a espada? Ficaria como Dan? Acho que preciso de uma viagem, de férias. Essa faculdade me deixou completamente maluco. Pensando bem, estou seguindo os passos de Dan. Melhor eu sair para refletir.

Sair. Quando foi que tive essa idéia mesmo? Devia ter me mudado para um lugar mais longe de onde morava antes. Ou até mesmo de cidade. Esses parques, esses ônibus, metrôs, ruas e avenidas, estão todas amaldiçoadas pelo que sinto. São Paulo não é mais a mesma, mesmo depois de anos, vejo ela em cada casal se beijando, vejo ela em cada mestiça, em cada calça jeans. Mesmo depois de anos, até quando vou repetir isso? Não mudei nada, essa barba que não cresce, essas camisetas de bandas, de filmes e essas calças com a barra rasgada de tanto ficarem na sola do meu AllStar enquanto ando.

Será que se eu comprar algo, eu fico melhor? E se eu aumentar o som do I-Pod? Se eu encher a cara talvez? Já fiz tudo isso. Não deu certo antes, não vai dar certo agora. E se eu fizer os três ao mesmo tempo?

Esqueci o quanto era chato andar no shopping, ficam todos me olhando, algumas garotas param para tirar foto, e muitas pessoas para me dar os parabéns, e alguns para me ofender gratuitamente. Acho que gastei demais, ainda bem que meu cartão de crédito foi aceito.

- Me dê um chopp por favor.

Não sou de beber, qualquer coisa me derruba, estou num shopping, então ficarei na minha. Eu já vim nesse bar dentro do shopping, para ver alguns jogos de futebol de meu time. Essa TV deles é gigante.

Hey! Espera, quem é esse cara sendo preso? Porra, onde eu abaixo o som desse I-Pod? Foda-se, arranco o fone então.

- Aumenta o volume, por favor cara?

Ele sabe quem eu sou, sabe que o que esta passando na TV é de interesse de todos, não só de mim.

A TV esta mostrando a espada agora, e esse cara sendo preso, saiu do navio, o navio parado esses quatro anos em Santos. Então é isso mesmo, mais do que confirmado, o navio fantasma, como chamam ele, veio atrás da espada. O cara é um informante que saiu do navio. Mas porque descobriram só agora? Ficam soldados dia e noite em volta do navio, esse tempo todo. Porque não invadem?

O exército tem a espada em seu poder, que entrem e cortem todos ao meio. Ou será que é justamente isso que o navio quer? Que levem a espada até eles? Quer saber? Pouco me importa. Não quero mais saber de nada.Que morram todos.

Como assim? O exército me procura? O que esse jornal esta dizendo? Eu não quero saber de nada, de mais nada.

Essas pessoas me olhando torto. Esse copo de chopp. Essa musica chiando nos fones de ouvido, essa lágrima? Essa lembrança. Para mim, tudo isso, de agora em diante, é IRREVERSÍVEL.

Útimo capitulo - Adeus ao clube

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Foi um sonho?

Claro que não, se fosse, seria um pesadelo. É difícil abrir os olhos, eu não dormi, foi apenas um cochilo. As únicas pessoas que conheço do lado de fora das grades, são minha mãe e Sill. Passaram a noite com a gente aqui.

Agora são meio-dia, e estou morrendo de fome:

- Hey! Sill, cadê a minha mãe?

Ela estava dormindo, coitada:

- Foi comprar algo para vocês.

Os policiais que nos trouxeram, cansaram de nos elogiar, nos explicaram infinitas vezes que não queria fazer aquilo, mas eram obrigados. Antes que eu pudesse pensar em tudo, minha mãe voltou. Trazendo alguns X-Saladas em sacos que tinham tanta gordura, que não precisei abrir pra ver que eram lanches:

- Trouxe de café da manhã.

Apesar dos olhos marejados, ela fazia graça, pois sabia que meio-dia era hora de almoço.

Eu cansei de pedir perdão á ela, mas ouvi a mesma coisa centenas de vezes, ela me dizia que não matei Dan, meu irmão simplesmente nunca havia voltado, e que era assim que ela encarava as coisas. Se era melhor pra ela eu nunca vou saber dizer, mas me deixava mais confortado.

- Eu acho que as coisas vão voltar á se complicar.

- O que aconteceu mãe?

- Aqui na frente da delegacia, esta começando á juntar um grupo de jovens, e parecem que estão organizando algum tipo de protesto.

- E vão ajudar em quê? Só sairemos daqui perante fiança, e ninguém tem como pagar a quantia de todos nós.

E então, mesmo que eu soubesse o quão bem de vida os Cargnielli´s eram, eu sabia que o pai deles jamais faria isso sem antes lutar em um tribunal, bem a cara dele. Mas paguei a língua logo algumas horas depois. O tenente que nos acompanhou desde o começo, entrou no corredor, e como em uma cena de filme, disse a frase histórica:

- Vocês estão todos livres.

Minha euforia foi ao nível máximo, e ao nível mínimo em seguida:

- Exceto você, Christofer Bianor Gaia.

- Porque somente meu filho?

- A fiança foi paga por Brian Cargnielli, ele deixou claro que o único que deveria ficar, era, infelizmente, o filho da senhora. Portanto, ele vai á júri popular. O que significa que não vai ficar mais do que alguns dias eu receio.

As lágrimas tomaram conta de minha mãe, e de mim claro. Como pode ser tão desgraçado?

- Não se preocupe filho, logo você sairá daí.

E não me preocupei mesmo, já estava com raiva o suficiente para quebrar aquelas grades e sair eu mesmo.

Cada minuto ali dentro, era desafiador. Minha Mãe ficou os 2 dias comigo. Sil ligou, e apareceu uma vez, estava retornando a sua vida normal, mas parecia estar enfrentando problemas por ser minha namorada. Kau ligava o tempo todo para saber das coisas.

Como dito, eu fui á júri, e fui libertado, sobre protesto de uns, mas comemoração de outros.

A minha mente sangrava pensando no que fazer quando sair dali. A confusão formada por Brian deixou a sensação de que tudo não passava de uma armadilha para ele mesmo se dar bem, e a minha conclusão, foi a de que ele mesmo teria armado tudo, para poder voltar , se dar bem e sumir novamente.

Mas a minha cabeça estava perturbada demais para pensar em qualquer coisa.

Chegou a hora, minha mãe estava ao meu lado como sempre. Eu imaginei a euforia, mas não tanta. Foram 2 dias, mas me pareceu uma eternidade, e ainda não acabou.

Imaginei sair e ver uma população imensa ao lado de fora, mas tudo o que vi, foi uma pequena muvuca, e muitos repórteres, com suas câmeras apontadas para mim, e com seus microfones em minha boca. Não vou falar com ninguém, não tenho vontade. Muitas pessoas gritaram, a maioria me aplaudiu. Entrei no carro correndo, me sentei, minha mãe em seguida. Estou mais calmo agora.

O carro parou em um restaurante, estava vazio. Minha mãe entrou primeiro, e eu fui logo sentando na mesa. Em seguida, entraram Luan e Juan:

- Eae Chris, sua cabeça deve estar á milhão.

- Nem me fale cara, eu ainda não entendi o que esta acontecendo.

- Assim que você chegar na sua casa e ligar a TV e entrar na internet, vai surtar.

Eles falavam rindo, acho que tudo estava voltando ao normal.

- Cara! No momento, eu só quero tomar um banho no meu banheiro, o meu chuveiro, e deitar na minha cama.

- Vai fazer isso depois que sair de lá.

- De lá de onde?

- Sua mãe não lhe contou?

Minha mãe me olhou com uma cara de poucos amigos.

- Não! Não disse nada.

- Pois bem...

Nesse instante minha mãe interrompeu os dois:

- Ainda falta uma coisa.

- Que coisa?

- O corpo de Danilo estava sobre o poder do estado para um estudo minucioso sobre os efeitos da espada no corpo. Portanto, hoje é o dia de enterrar seu irmão Chris.

Aquilo sim foi uma surpresa:

- E porque me esconderia isso?

- Você já tem coisas demais para pensar, não queria encher mais a sua cabeça.

- Mãe, estamos juntos nessa. E pra ser sincero, nada mais me abala.

Comemos, e saímos. Ao sair, me deparei com Sil e Kau chegando:

- Oi amor.

- Meu Deus, como eu sinto a sua falta.

Após abraça - lá, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo novamente, mas percebi que ela não parecia sentir o mesmo, mas preferi não questionar.

- E você Kau? Como está?

- Melhor por ver você livre.

- Eu também me sinto bem, obrigado por não me abandonar.

E fomos interrompidos novamente:

- Vamos acabar logo com essa dor que impera em nossos corações né?

Minha mãe estava mesmo ansiosa.

Nunca vi tanta gente, e um grupo estranho vestido de branco. Uma cerimônia católica quando o caixão começou á descer, o momento mais triste de todos os velórios que fui na vida. Não que tenho ido em muitos, mas quando a começam á descarregar as cordas, e você perde a visão do caixão, e como se começassem á jogar areia em suas esperanças. Porque é quando você se toca, é quando a ficha cai, é quando o jogo termina, porque até o último segundo do segunda parte da prorrogação, você acredita que tudo talvez mude, e o som da areia batendo na tampa do caixão é o apito final do juiz. E então, nem eu, nem minha mãe e nem mesmo Kau que tinha todos os motivos do mundo para odiar Dan, chorou. Era o Adeus ao meu querido irmão mais velho. Eu não queria ver mais, e nem minha mãe pelo visto, viramos de costas e começamos á caminhar para onde foi o velório, pois ainda havia o último ato.

Rogério Santos Diaz.

Esse por sua vez, foi mais tranquilo, mas não vimos sequer um parente de Roger, então indagamos Kau:

- Desculpa perguntar, ainda mais em uma hora tão triste, mas onde está a família deste rapaz?

- Eu não sei, mas pretendo descobrir.

Minha mãe então ficou perplexa após ouvir a resposta.

Era uma ladeira enorme até chegar o lugar onde Roger seria enterrado. Mas não faltou ajudantes, o lugar estava repleto de curiosos e canais de TV. E o grupo vestido de branco que não sai do nosso lado desde que fomos presos:

- Quem é essa gente Luan?

- Cara! Não sei te explicar. Eles são um tipo de jovens rebeldes que queriam lutar pela sua liberdade.

- Já estou livre cacete.

- Ah! Sei lá cara, eles dizem que se organizam por um país melhor e esse blá bla blá de gente que não tem o que fazer.

- Que malucos. Bem, mas me diz, e seu pai?

Nosso grupo então se deparou com um tom de despedida. Luan e Juan olharam um para o outro, pareciam não ter o que dizer.

Alguns minutos depois, esse som novamente. A areia tapando o buraco, e Kau chora como quando o viu ser atravessado pela espada na mão de Danilo:

- Não sei o que dói mais, matar meu próprio irmão, ou ver Kau assim.

- Chris, vou indo para o carro, seu tio me espera, volte logo, estamos lhe esperando.

- Tudo bem mãe.

Muitos momentos tristes pra uma pessoa só, deixa ela ir na frente e descansar.

- Eu estou indo viajar Chris?

- Preciso lhe dizer, meus pais não aprovam essa situação.

- Eu falo com eles Sill, não se preocupe.

- Você não esta entendendo, não sabe como eles são, não querem me ver perto de voc~e, eu vim aqui escondida.

- E vem me contar justo agora?

- Disse que nada mais te abalava.

- Me enganei então.

- Me perdoe, mas não podemos ficar mais juntos, tenho passagens compradas para viajar com meus pais e por minha cabeça no lugar.

- Imagine como eu me sinto então.

- Eles não estão preocupados com você, estão preocupados comigo. Ando sendo prejudicada na faculdade, e isso não é bom pra mim.

- Se te prejudico tanto Sill, esta tudo bem então.

Eu não queria que as coisas fossem assim, mas depois eu pensaria nisso com mais calma, deixa ela viajar, sei lá. Kau me abraçou fortemente, e ainda chorando:

- Vou encontrar a família dele.

- E como pretende fazer isso?

- Eu não sei, mas pretendo.

- Alguém aqui tem mais uma declaração á fazer?

Porque eu fui perguntar?

- Estou indo embora Chris?

- Do que esta falando Luan?

- Vou atrás do meu pai.

- E sabe pra onde ele foi?

- Talvez pra Índia, e mesmo se não foi, vou atrás de respostas.

- E você Juan? Vai também?

- Meu irmão e eu já conversamos sobre tudo isso, e, bem..

- O que?

- Eu fico.

- Achei que ficaria sozinho.

- Por enquanto estou por aqui.

O celular de Sill tocou, e ela rapidamente atendeu, e rapidamente respondeu:

- Eu já sei, e estou saindo daqui agora.

Assim que ela desligou, o silêncio tomou conta daquele grupo de amigos. Que depois de tantas conversas, e dessa aventura maluca, iria ter que se separar, sem ao menos saber o que estaria por vir:

- Verei você novamente?

- Em breve meu caro, em breve.

- Boa sorte Luan. Juan?

- Bem, vou ver o que aconteceu com a espada, agora que esta em poder do governo de São Paulo, e não sei o que fazer depois.

Kau então começou á falar um pouco mais:

- Eu só queria que vocês soubesse, que apesar de tudo, ainda me sinto forte o suficiente para enfrentar qualquer coisa por vocês meus amigos.

Silvana abraçou ela fortemente:

- Estamos aqui para o que der e vier Kau, não se preocupe.

Então resolvi perguntar:

- É um adeus?

E Luan respondeu:

- É um "até a próxima".

- Sil?

- Desculpe Chris, eu ...

- Eu entendo, só quero que saiba, que se você precisar de algo, alguém que te ama muito esta prestes á te ajudar.

- Obrigado por tudo.

- Obrigado você.

E finalmente Juan:

- Galera! Muito emocionante, to chorando mesmo, foda-se, mas vamos acabar logo com isso.

- Concordo!

Na verdade, queria que nenhum deles saísse de minha vida. Mas aprendi que amadurecer, é exatamente isso. Preciso descobrir que tudo o que amo, esta livre para ser amado, e perante todas as circunstâncias, pode ser morto, as vezes até mesmo eu preciso matar o que amo. Pode ser algo que guardo na gaveta, ou algo que guardo no coração. Eu me senti o garoto mais velho e bem vivido do mundo, agora que os denominados amigos do meu irmão mais velho, estavam trocando sentimentos com o pirralho aqui. Naquele instante, eu fui tudo o que eu queria ser, alguém importante na vida de alguém, e se falhei, bem, não foi culpa minha. A vida me botou contra a parede, o que eu poderia fazer? Todos pensam diferente, uns encaram heróis como salvadores, outros encaram como alguém que trás mais problemas. Mas como eu poderia mudar isso? Bem, eu não poderia. Cabe á mim somente provar ao contrario, cabe á mim mostrar para o mundo, que não sou o que pensam ou o que dizem, e assim, trazer até o meu lado, quem me quer bem, para poder passar por coisas piores que ainda estariam por vir, e todos nós sabíamos. Kauelli, Silvana, Danilo, Brian, Juan e Luan fizeram parte do começo emocionante que seria a minha vida, tudo vai mudar á partir daqui, pois não sou mais um garoto, eu sou Christofer Bianor Gaia. O cara que enfiou uma espada no peito do próprio irmão para salvar tudo o que ama, na frente do mundo inteiro. E quando Kau resolveu falar:

- Adeus amigos.

Eu resolvi ressaltar:

- Adeus não, até breve.

E seguimos, assim como a vida me ensinou nessa fase, cada um a sua direção.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Penúltimo Capitulo - Bem vindo ao clube: Maldito seja

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Silêncio.

 

O rosto espantado, e aos berros de Brian Cargnielli, logo á minha frente. Com os braços por baixo dos braços desse maldito que carrega meu sangue em suas veias. Enquanto eu virava a espada ao contrário, pois ainda estava segurando ela pela lâmina, pude ver os rostos espantados ao meu redor, como se finalmente a história de angústia daquela tarde em São Paulo tivesse acabado, mas estava em minhas mãos. O único rosto que me sugeriu outro sentimento, foi o de Kau, esse por sua vez transparecia uma ansiedade sem limites, seria para ela talvez, a morte de tudo o que ela já viveu, seu amor talvez, ou seu maior ódio.

Quando segurei a espada pelo cabo, tratei de trazê-la até meu peito, e com as duas mãos, para pegar mais força corri na direção de meu "irmão". No terceiro passo, um certo terror tomou conta de mim, Danilo, com o cotovelo, acertou Brian, que resistiu e continuou o segurando fortemente, o que me fez mais nervoso, mais louco eu diria. Aquele sentimento do qual eu não tinha controle, saiu de meu peito, tomou conta dos meus pulsos, e eu pude sentir toda a força da qual eu não tinha, invadir a espada, e essa por sua vez, sabia a direção exata.

Na segunda cotovelada de Dan, Brian não aguentou, e soltou levemente os braços do inimigo. Mas mesmo assim, nem os braços dele, nem meus braços impediriam ou me fariam ter piedade. Esse sim, foi de longe o que eu teria sentido naquela hora. Claramente, eu senti minha força na espada cortando as palmas de suas mãos, arranhando seus pulsos, cortando o pano de sua velha camiseta, perfurando sua pele e quebrando em cacos o seu tórax, atingindo em cheio o seu coração, e varando o outro lado. Ele não reagiu como devia, não gritou, sequer esboçou reação alguma, era isso que ele queria? Mas mesmo assim, eu ouvi um grito de dor. Brian ainda estava dando tudo de si para tentar segura-lo, e acabou sendo atingido.

Larguei então o cabo da espada, e ele pode me olhar nos olhos. Não caiu, o desgraçado não caiu, somente deu uns passos para trás, murmurou alguma coisa, e se apoiou no marco zero, uma estrutura de bronze que fica exatamente no meio da praça. Foi então que meu ódio foi diminuindo, e diminuindo, e minha consciência foi se redobrando aos poucos; Quando ouvi o som dos joelhos de Dan batendo no chão, meu cérebro me acordou. "Hey! Você acaba de matar seu irmão".

E chorei, chorei com a alma. Derramei o meu sangue naquela praça. Destruí um valor que eu tinha depositado em uma pessoa. Acabei com sonhos. Despedacei sentimentos. Terminei com uma vida. Matei meu herói de infância. Tirei a vida de meu próprio irmão.

O tomei em meus braços antes que caísse:

- Repete irmão, o que você disse? Repete...

Não obtive resposta alguma, ele nem tentou falar nada. Mas seus olhos me disseram adeus, fixados em mim, não piscaram. Se arregalaram e me disseram adeus, e eu gritei com toda a minha força aos prantos:

- Mas que droga cara! Porque tem que ser assim? Mas que droga, que droga. Que droga!

- Você sequer relutou.

Não era Dan, essa voz vinha de trás de mim, era Brian, apoiado também de joelhos no marco zero:

- Não pensou duas vezes, sabe o que significa? Que você sabia o que estava fazendo, sabia que era o certo.

- Cala a boca! Você não sabe o que esta dizendo.

Mas era a verdade. A escolha foi minha, e eu aproveitei a oportunidade da forma mais inteligente. Mas ainda assim, como foi que cheguei ali? Como foi que entrei naquela cena deplorável? Olhei calmamente para o céu, voltei para os olhos de meu irmão, e acreditem, ele sorriu, seu ultimo suspiro foi um sorriso. E então o adeus, se tornou outro sentimento, parecia mais um "obrigado", ou até mesmo um "até logo", seria qualquer coisa, menos um adeus. E calmamente seus olhos fecharam, e sem que eu pudesse ouvir a sua voz pela ultima vez, a sua cabeça perdeu a força, e tombou para trás de meu braço, e eu fiz a única coisa que eu poderia fazer naquele momento inconsolável, chorei.

Brian desviou sua atenção, e olhou fixamente o marco zero, ele estava ao lado da placa de bronze, que apontava para o Rio de Janeiro, e eu estava ao lado da placa que apontava para Santos, mas eu não queria prestar a atenção, e ele não respeitou o que eu sentia:

- Seu irmão não é o maior problema Christofer, por favor me ouça.

- Cala a boca velho.

Olhei com todo o meu ódio para ele, e ele insistiu, e percebi que ele estava sangrando demais. Ele olhou para suas próprias mãos cheia de sangue:

- Que ironia, você esta sentado de frente para a direção onde o seu futuro vai começar.

E uma voz apareceu:

- E o senhor esta sentado na direção do seu fim no futuro Sr. Cargnielli.

Eu não posso acreditar, de novo esses dois?

- Quem são vocês?

- Não importa Sr. O Senhor nos acompanhará agora.

- Eu não vou á lugar algum, eu preciso de um médico.

- Exatamente, levaremos o Sr. para cuidados médicos urgente.

Então interferi na conversa dos três:

- E meu irmão?

- As autoridades locais irão cuidar de todo o resto agora entre vocês.

Eu não sei qual desses dois eu odeio mais, o militar de uniforme azul, ou o militar de uniforme vermelho.

Senti uma mão tocar meu ombro, e foi logo me ajudando á levantar:

- Vem cara! Acabou.

Quando Luan me ajudou á levantar, todos os curioso ao redor começaram á gritar loucamente, a euforia mais uma vez tomou conta de mim e eu não sabia como reagir, eu estava feliz por tudo ter acabado, mas triste por ser desse jeito. Olhei para trás, ainda chorando, e vi meu irmão deitado, e de repente, apareceram médicos e o cercaram, acho que já estavam prontos para isso, parei e comecei á observar. Voltei para ver de perto, e ainda tive a frieza de perguntar:

- Ele vai ficar bem?

Mas quem respeitaria meu sentimento naquele momento?

- Seu irmão faleceu jovem.

E chorei mais, e mais.

 

O policial que estava cuidando de tudo, estava á alguns metros me encarando fortemente, falando ao rádio, eu percebi, mas comecei á andar, abraçado com os gêmeos. Fui andando até a Kaueli, e abracei ela com toda a minha força. Fazia tempo que não sentia um abraço tão gostoso quanto aquele. E então, para minha surpresa, Silvana também apareceu, correndo em minha direção, abri os braços, mas ganhei mesmo foi um beijo, para delírio dos curiosos, que gritaram e aplaudiram. E então a tristeza se desfez um pouco dentro de mim. Me senti um tanto quanto renovado. Mas minha nova felicidade duraria somente alguns minutos.

Os gêmeos, com a cara completamente amarrada, olhavam para o pai deles que recebia alguns cuidados médicos na ambulância ali perto, ao lado da ambulância que se aprontava para partir com o corpo de meu irmão. Eu queria ir junto, mas senti que devia ficar:

- O que foi?

- Você percebeu o que acabou de fazer?

- Eu matei meu irmão.

- Além disso Chris.

E então me toquei:

- Pelo amor de deus me perdoem, eu feri gravemente o pai de vocês.

- Você não tem do que se desculpar, achamos que isso iria acontecer.

- Como assim?

Os dois se olharam, e tentaram se entender:

- Nosso pai estava intacto, sem nenhuma ferida aparente.

- É verdade.

- Quem estava morto aquele dia na nossa casa?

- Seja lá quem for, parecia seu pai.

- Era nosso pai Chris.

- Mas como ele ganhou aquela ferida na cabeça?

- A da cabeça eu não sei, mas adivinha quem acaba de dar á ele uma ferida na costela, exatamente no mesmo lugar de quando o achamos?

Eu não tinha pensado nisso, mas é claro que eu não tinha pensado nisso. Eu não tinha pensado em nada, absolutamente nada. E quando fui indagar:

- Senhor Christofer, infelizmente, perante a lei e aos olhos da justiça, o senhor esta preso.

- O que? Como assim?

- Eu sinto muito.

- Meu irmão era o assassino.

- Se tivesse sobrevivido, o preso seria ele.

E Kau, Sil e os gêmeos se revoltaram, mas nada puderam fazer, pois os demais policiais seguraram eles todos:

- Isso é uma injustiça.

- Torno á repetir, eu sinto muito, mas a lei se aplica á todos.

Eu simplesmente não podia acreditar no que estava acontecendo.

A população se revoltou, todos queriam agredir os policiais e uma forte confusão começou na praça da Sé. Eu estava sendo arrastado para a viatura, e só deu tempo de gritar:

- Sil, por favor, avise a minha mãe.

E ela aos berros me respondeu:

- Fica tranquilo Chris, a gente te tira de lá hoje mesmo.

- Obrigado por tudo.

E eu ouvi tudo o que eu precisava ouvir:

- Eu te amo Christofer.

E botei pra fora tudo o que eu precisava botar:

- Eu te amo Silvana.

 

Me controlei, e entrei na viatura. Mas os berros da população eram demais, todos gritavam e faziam uma algazarra maldita, me senti a pessoa mais querida da terra no momento. Redobrei a consciência e comecei á observar tudo. Enquanto a viatura partia, pude ver a ambulância onde Dan estava fechando suas portas e partindo. Por cima de meu reflexo, vi a população enfurecida do lado de fora. Luan, Juan e Kau completamente desolados e caminhando calmamente na direção de outras viaturas, também seriam levados, somente Sil ficou.

Mas a cena mais perturbadora, eu só vi no quando a viatura se afastou um pouco. Brian não estava mais na ambulância, estava entrando em uma limusine preta, juntamente com os militares azul e vermelho, e carregando a espada. Maldito seja.