domingo, 26 de dezembro de 2010

Útimo capitulo - Adeus ao clube

Foi um sonho?

Claro que não, se fosse, seria um pesadelo. É difícil abrir os olhos, eu não dormi, foi apenas um cochilo. As únicas pessoas que conheço do lado de fora das grades, são minha mãe e Sill. Passaram a noite com a gente aqui.

Agora são meio-dia, e estou morrendo de fome:

- Hey! Sill, cadê a minha mãe?

Ela estava dormindo, coitada:

- Foi comprar algo para vocês.

Os policiais que nos trouxeram, cansaram de nos elogiar, nos explicaram infinitas vezes que não queria fazer aquilo, mas eram obrigados. Antes que eu pudesse pensar em tudo, minha mãe voltou. Trazendo alguns X-Saladas em sacos que tinham tanta gordura, que não precisei abrir pra ver que eram lanches:

- Trouxe de café da manhã.

Apesar dos olhos marejados, ela fazia graça, pois sabia que meio-dia era hora de almoço.

Eu cansei de pedir perdão á ela, mas ouvi a mesma coisa centenas de vezes, ela me dizia que não matei Dan, meu irmão simplesmente nunca havia voltado, e que era assim que ela encarava as coisas. Se era melhor pra ela eu nunca vou saber dizer, mas me deixava mais confortado.

- Eu acho que as coisas vão voltar á se complicar.

- O que aconteceu mãe?

- Aqui na frente da delegacia, esta começando á juntar um grupo de jovens, e parecem que estão organizando algum tipo de protesto.

- E vão ajudar em quê? Só sairemos daqui perante fiança, e ninguém tem como pagar a quantia de todos nós.

E então, mesmo que eu soubesse o quão bem de vida os Cargnielli´s eram, eu sabia que o pai deles jamais faria isso sem antes lutar em um tribunal, bem a cara dele. Mas paguei a língua logo algumas horas depois. O tenente que nos acompanhou desde o começo, entrou no corredor, e como em uma cena de filme, disse a frase histórica:

- Vocês estão todos livres.

Minha euforia foi ao nível máximo, e ao nível mínimo em seguida:

- Exceto você, Christofer Bianor Gaia.

- Porque somente meu filho?

- A fiança foi paga por Brian Cargnielli, ele deixou claro que o único que deveria ficar, era, infelizmente, o filho da senhora. Portanto, ele vai á júri popular. O que significa que não vai ficar mais do que alguns dias eu receio.

As lágrimas tomaram conta de minha mãe, e de mim claro. Como pode ser tão desgraçado?

- Não se preocupe filho, logo você sairá daí.

E não me preocupei mesmo, já estava com raiva o suficiente para quebrar aquelas grades e sair eu mesmo.

Cada minuto ali dentro, era desafiador. Minha Mãe ficou os 2 dias comigo. Sil ligou, e apareceu uma vez, estava retornando a sua vida normal, mas parecia estar enfrentando problemas por ser minha namorada. Kau ligava o tempo todo para saber das coisas.

Como dito, eu fui á júri, e fui libertado, sobre protesto de uns, mas comemoração de outros.

A minha mente sangrava pensando no que fazer quando sair dali. A confusão formada por Brian deixou a sensação de que tudo não passava de uma armadilha para ele mesmo se dar bem, e a minha conclusão, foi a de que ele mesmo teria armado tudo, para poder voltar , se dar bem e sumir novamente.

Mas a minha cabeça estava perturbada demais para pensar em qualquer coisa.

Chegou a hora, minha mãe estava ao meu lado como sempre. Eu imaginei a euforia, mas não tanta. Foram 2 dias, mas me pareceu uma eternidade, e ainda não acabou.

Imaginei sair e ver uma população imensa ao lado de fora, mas tudo o que vi, foi uma pequena muvuca, e muitos repórteres, com suas câmeras apontadas para mim, e com seus microfones em minha boca. Não vou falar com ninguém, não tenho vontade. Muitas pessoas gritaram, a maioria me aplaudiu. Entrei no carro correndo, me sentei, minha mãe em seguida. Estou mais calmo agora.

O carro parou em um restaurante, estava vazio. Minha mãe entrou primeiro, e eu fui logo sentando na mesa. Em seguida, entraram Luan e Juan:

- Eae Chris, sua cabeça deve estar á milhão.

- Nem me fale cara, eu ainda não entendi o que esta acontecendo.

- Assim que você chegar na sua casa e ligar a TV e entrar na internet, vai surtar.

Eles falavam rindo, acho que tudo estava voltando ao normal.

- Cara! No momento, eu só quero tomar um banho no meu banheiro, o meu chuveiro, e deitar na minha cama.

- Vai fazer isso depois que sair de lá.

- De lá de onde?

- Sua mãe não lhe contou?

Minha mãe me olhou com uma cara de poucos amigos.

- Não! Não disse nada.

- Pois bem...

Nesse instante minha mãe interrompeu os dois:

- Ainda falta uma coisa.

- Que coisa?

- O corpo de Danilo estava sobre o poder do estado para um estudo minucioso sobre os efeitos da espada no corpo. Portanto, hoje é o dia de enterrar seu irmão Chris.

Aquilo sim foi uma surpresa:

- E porque me esconderia isso?

- Você já tem coisas demais para pensar, não queria encher mais a sua cabeça.

- Mãe, estamos juntos nessa. E pra ser sincero, nada mais me abala.

Comemos, e saímos. Ao sair, me deparei com Sil e Kau chegando:

- Oi amor.

- Meu Deus, como eu sinto a sua falta.

Após abraça - lá, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo novamente, mas percebi que ela não parecia sentir o mesmo, mas preferi não questionar.

- E você Kau? Como está?

- Melhor por ver você livre.

- Eu também me sinto bem, obrigado por não me abandonar.

E fomos interrompidos novamente:

- Vamos acabar logo com essa dor que impera em nossos corações né?

Minha mãe estava mesmo ansiosa.

Nunca vi tanta gente, e um grupo estranho vestido de branco. Uma cerimônia católica quando o caixão começou á descer, o momento mais triste de todos os velórios que fui na vida. Não que tenho ido em muitos, mas quando a começam á descarregar as cordas, e você perde a visão do caixão, e como se começassem á jogar areia em suas esperanças. Porque é quando você se toca, é quando a ficha cai, é quando o jogo termina, porque até o último segundo do segunda parte da prorrogação, você acredita que tudo talvez mude, e o som da areia batendo na tampa do caixão é o apito final do juiz. E então, nem eu, nem minha mãe e nem mesmo Kau que tinha todos os motivos do mundo para odiar Dan, chorou. Era o Adeus ao meu querido irmão mais velho. Eu não queria ver mais, e nem minha mãe pelo visto, viramos de costas e começamos á caminhar para onde foi o velório, pois ainda havia o último ato.

Rogério Santos Diaz.

Esse por sua vez, foi mais tranquilo, mas não vimos sequer um parente de Roger, então indagamos Kau:

- Desculpa perguntar, ainda mais em uma hora tão triste, mas onde está a família deste rapaz?

- Eu não sei, mas pretendo descobrir.

Minha mãe então ficou perplexa após ouvir a resposta.

Era uma ladeira enorme até chegar o lugar onde Roger seria enterrado. Mas não faltou ajudantes, o lugar estava repleto de curiosos e canais de TV. E o grupo vestido de branco que não sai do nosso lado desde que fomos presos:

- Quem é essa gente Luan?

- Cara! Não sei te explicar. Eles são um tipo de jovens rebeldes que queriam lutar pela sua liberdade.

- Já estou livre cacete.

- Ah! Sei lá cara, eles dizem que se organizam por um país melhor e esse blá bla blá de gente que não tem o que fazer.

- Que malucos. Bem, mas me diz, e seu pai?

Nosso grupo então se deparou com um tom de despedida. Luan e Juan olharam um para o outro, pareciam não ter o que dizer.

Alguns minutos depois, esse som novamente. A areia tapando o buraco, e Kau chora como quando o viu ser atravessado pela espada na mão de Danilo:

- Não sei o que dói mais, matar meu próprio irmão, ou ver Kau assim.

- Chris, vou indo para o carro, seu tio me espera, volte logo, estamos lhe esperando.

- Tudo bem mãe.

Muitos momentos tristes pra uma pessoa só, deixa ela ir na frente e descansar.

- Eu estou indo viajar Chris?

- Preciso lhe dizer, meus pais não aprovam essa situação.

- Eu falo com eles Sill, não se preocupe.

- Você não esta entendendo, não sabe como eles são, não querem me ver perto de voc~e, eu vim aqui escondida.

- E vem me contar justo agora?

- Disse que nada mais te abalava.

- Me enganei então.

- Me perdoe, mas não podemos ficar mais juntos, tenho passagens compradas para viajar com meus pais e por minha cabeça no lugar.

- Imagine como eu me sinto então.

- Eles não estão preocupados com você, estão preocupados comigo. Ando sendo prejudicada na faculdade, e isso não é bom pra mim.

- Se te prejudico tanto Sill, esta tudo bem então.

Eu não queria que as coisas fossem assim, mas depois eu pensaria nisso com mais calma, deixa ela viajar, sei lá. Kau me abraçou fortemente, e ainda chorando:

- Vou encontrar a família dele.

- E como pretende fazer isso?

- Eu não sei, mas pretendo.

- Alguém aqui tem mais uma declaração á fazer?

Porque eu fui perguntar?

- Estou indo embora Chris?

- Do que esta falando Luan?

- Vou atrás do meu pai.

- E sabe pra onde ele foi?

- Talvez pra Índia, e mesmo se não foi, vou atrás de respostas.

- E você Juan? Vai também?

- Meu irmão e eu já conversamos sobre tudo isso, e, bem..

- O que?

- Eu fico.

- Achei que ficaria sozinho.

- Por enquanto estou por aqui.

O celular de Sill tocou, e ela rapidamente atendeu, e rapidamente respondeu:

- Eu já sei, e estou saindo daqui agora.

Assim que ela desligou, o silêncio tomou conta daquele grupo de amigos. Que depois de tantas conversas, e dessa aventura maluca, iria ter que se separar, sem ao menos saber o que estaria por vir:

- Verei você novamente?

- Em breve meu caro, em breve.

- Boa sorte Luan. Juan?

- Bem, vou ver o que aconteceu com a espada, agora que esta em poder do governo de São Paulo, e não sei o que fazer depois.

Kau então começou á falar um pouco mais:

- Eu só queria que vocês soubesse, que apesar de tudo, ainda me sinto forte o suficiente para enfrentar qualquer coisa por vocês meus amigos.

Silvana abraçou ela fortemente:

- Estamos aqui para o que der e vier Kau, não se preocupe.

Então resolvi perguntar:

- É um adeus?

E Luan respondeu:

- É um "até a próxima".

- Sil?

- Desculpe Chris, eu ...

- Eu entendo, só quero que saiba, que se você precisar de algo, alguém que te ama muito esta prestes á te ajudar.

- Obrigado por tudo.

- Obrigado você.

E finalmente Juan:

- Galera! Muito emocionante, to chorando mesmo, foda-se, mas vamos acabar logo com isso.

- Concordo!

Na verdade, queria que nenhum deles saísse de minha vida. Mas aprendi que amadurecer, é exatamente isso. Preciso descobrir que tudo o que amo, esta livre para ser amado, e perante todas as circunstâncias, pode ser morto, as vezes até mesmo eu preciso matar o que amo. Pode ser algo que guardo na gaveta, ou algo que guardo no coração. Eu me senti o garoto mais velho e bem vivido do mundo, agora que os denominados amigos do meu irmão mais velho, estavam trocando sentimentos com o pirralho aqui. Naquele instante, eu fui tudo o que eu queria ser, alguém importante na vida de alguém, e se falhei, bem, não foi culpa minha. A vida me botou contra a parede, o que eu poderia fazer? Todos pensam diferente, uns encaram heróis como salvadores, outros encaram como alguém que trás mais problemas. Mas como eu poderia mudar isso? Bem, eu não poderia. Cabe á mim somente provar ao contrario, cabe á mim mostrar para o mundo, que não sou o que pensam ou o que dizem, e assim, trazer até o meu lado, quem me quer bem, para poder passar por coisas piores que ainda estariam por vir, e todos nós sabíamos. Kauelli, Silvana, Danilo, Brian, Juan e Luan fizeram parte do começo emocionante que seria a minha vida, tudo vai mudar á partir daqui, pois não sou mais um garoto, eu sou Christofer Bianor Gaia. O cara que enfiou uma espada no peito do próprio irmão para salvar tudo o que ama, na frente do mundo inteiro. E quando Kau resolveu falar:

- Adeus amigos.

Eu resolvi ressaltar:

- Adeus não, até breve.

E seguimos, assim como a vida me ensinou nessa fase, cada um a sua direção.

1 comentários:

Asamiya Zaoldyeck disse...

Bbk desgraçado... Ç.Ç Como é que você faz uma coisa dessa, pô!
Sacanagem... O clube "acabando" assim. Ç.Ç Me emocionou bastante.
E uma coisa que eu queria ressaltar foi a narração a partir dos velórios, você soube achar o feeling certo e as palavras certas para marcar o momento. Parabéns! ^^/