sexta-feira, 30 de julho de 2010

Capitulo 6 - Bem vindo ao clube : Estou apaixonado ?

3 comentários
Uma semana se passou, completamente entediante, com horas na frente do computador, e algumas vezes me encontrei com meus amigos da escola para jogar bola em um campo aqui perto de casa, assim como hoje. Acabei de chegar e estou ouvindo a minha Mãe falar sobre meu Avô enquanto tomo um café e como um bolo. Minha Mãe disse que meu Avô era muito louro, tinha o cabelo bagunçado e os olhos muito azuis, tinha um porte físico gigante e era incrivelmente rude e vivia sempre de mal humor, ao contrario de meu irmão e eu, que éramos magros e com o cabelo preto, somente Dan que desenvolveu mais o corpo, devido aos seus treinos de Kung-fu.
Por falar em Dan, hoje é sexta-feira, e ele ainda não apareceu, saiu descontrolado na segunda e não disse onde ia. Minha Mãe parece que parou de se preocupar um pouco com as atitudes dele, mas, só parece.
Eu tinha acabado de chegar da rua, estava suado e cansado, então tomei um banho, e como não tinha o que fazer, voltei ao computador. Não tinha visto mais os gêmeos on line, queria ligar pra eles, mas não me sentia bem pra isso, muito menos ir lá. Foi quando a janela de Sil subiu avisando que ela acaba de ficar on line. Pensei bastante e resolvi falar com ela, eu tenho ela á anos adicionada, mas é aquele tipo de contato com quem você nunca fala, mas pra minha surpresa, ela falou comigo primeiro:
- Olá Chris.
- Oi Sil.
- Como vai ?
- Bem e você ?
Eu aposto que ela estava pensando em perguntar se eu tinha alguma novidade, eu odeio essas conversas, geralmente são só isso, se eu não puxasse nenhum assunto, a janela dela ficaria horas por lá, e depois seria só um tchau, então eu queria conversar. Resolvi brincar :
- Meu irmão sumiu e minha Mãe não para de reclamar da vida, esta tudo em ordem então.
Ela riu. Na verdade eu não sei se ela riu de verdade, a gente nunca sabe se a pessoa esta rindo ou não pela internet, mas seguiu:
- Eu também Chris, trabalhei o dia todo, férias da faculdade, e chato demais aqui em casa, confesso que reclamo que preciso de férias, e quando tenho, fico entediada.
- E porque não sai ?
- Meus amigos da faculdade moram todos longe, e já nos vemos o ano inteiro.
- E esta procurando alguém que nunca vê ? Porque se for isso, eu só te vi uma vez esse ano ainda.
O que eu estava fazendo ? Ela era amiga do Danilo, era mais velha que eu, devia ter a idade de Dan, uns 23 eu acho. E eu estava praticamente dando em cima dela na cara larga. Isso porque era na internet, se fosse pessoalmente eu jamais teria tal coragem, então, já que estava empolgado, resolvi ir mais fundo.
- Amanhã eu vou ao cinema.
- Vai com quem ?
- Sozinho, nem tenho quem chamar.
- Esta me convidando ? Ou esta me avisando ?
Ah! Que gelo que deu na barriga agora.
- Ér ! Estou lhe..............chamando.
Ela riu, e a janela dela ficou lá por alguns minutos, me senti um idiota e não queria mais falar. Então depois de um tempo ela disse:
- O telefone da sua casa ainda é o mesmo ?
- É sim.
- Eu te ligo amanhã, e lhe digo se aceito seu convite ou não.
Eu fiquei empolgado demais, minha vontade era de chutar a parede de felicidade, mas banquei o desencanado, pra não pressionar ela e mandei um simples OK.
No dia seguinte, eu estava tão afoito, que era meio-dia e eu já estava de banho tomado.
Ela me ligou ás 4 horas da tarde, e marcamos ás 7 em um shopping próximo da minha casa.
Eu deveria me sentir mal, ela veio de carro, eu de condução. Dividimos as contas das besteiras que comemos e cada um pagou a sua entrada. Mas ao invés de me sentir mal, eu adorei isso, quando saio com garotas da minha idade eu sempre levo um prejuízo danado.
Durante o filme, eu nem sequer olhei pro lado, estava achando tudo aquilo tão estranho, e eu sou um bom nerd, precisava prestar atenção no filme, odeio quando ia ver algum filme e não prestava atenção.
Quando saímos da sala, ela foi ao banheiro, e eu fiquei lá parado com cara de idiota segurando a blusa dela. Foi então que a minha ficha caiu, eu estava em um encontro ? A garota tímida, que falava pouco até demais, amiga do meu irmão, estava voltando, andando em minha direção, que coisa louca.
Andamos um pouco pelo shopping, e o assunto caiu em relacionamentos passados. Os dela né, porque eu tenho no máximo de história para contar, uma garota do começo do ano que só falava de coisas idiotas e me irritava na escola, mas mesmo assim acabamos ficando, e agora eu estava conversando com alguém que falava sobre coisas interessantes e me encantava á cada palavra, porque eu nunca tinha reparado nela ?
Eu queria me despedir dela enquanto estávamos no shopping, porque eu teria alguma chance de beijá-la, se eu deixasse, ela iria querer me levar em casa. Mas antes mesmo que eu pudesse tentar evitar isso, ela se ofereceu para me levar.
Quando entramos no carro, resolvi perguntar a idade dela, eu havia me esquecido:
- Qual a sua idade mesmo ?
- Tenho 20, seu esquecido.
E então, num surto, eu pensei e falei alto.
- Então não é tão impossível.
- Impossível o que ?
Como eu sou imbecil. Pior ainda, eu continuei calado, ela riu, porque sabia do que eu tinha falado.
Enquanto ela dirigia, ficamos calados por um tempo, e então eu resolvi falar.
- Preciso falar uma coisa. Se eu continuar guardando isso pra mim, vou acabar ficando depressivo.
- O que aconteceu ?
- Você se lembra do corte na cabeça de Brian no dia do velório ?
- Me lembro sim, era um corte esquisito, com uma macha negra em volta.
- Pois é, antes de sumir, eu vi meu irmão sem camisa, e ele tem o mesmo corte esquisito no braço direito, que vai do ombro até a mão.
Ela fez uma cara de assustada. E me olhou :
- Seu irmão matou Brian ?
- Não ! Não estou dizendo isso, estou ...
Antes mesmo de concluir, ela apontou a minha casa. E então eu pude ver duas viaturas da policia no meu portão.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Capitulo 5 - Bem vindo ao clube: Adeus Brian

2 comentários

Dan parou o carro na calçada, um pouco antes da casa e eu me lembrei de Kau e Sil, peguei meu celular e liguei para Sil primeiro:

- Oi Sil, é o Chris. Eu preciso te dar um recado e preciso que você avise a Kau também, mas não sei como dizer.

Eu nunca lidei com um tipo de situação como essa, mas como Sil ficou nervosa do outro lado da linha e mandou eu falar logo, respondi:

- Estamos todos na casa dos gêmeos, o Pai dele acaba de reaparecer, mas ele faleceu.

Senti que fui bruto na hora, mas o que eu poderia fazer ?

Não ouvi mais nada do outro lado da linha por alguns segundos, mas ela pareceu ser bem forte e me disse:

- Tudo bem Chris, vou ligar para a Kau e iremos ai.

Quando eu ia dizer que estava tudo bem, fui interrompido por Dan.

- Se elas estão pensando em vir aqui, fala pra elas não virem, ainda não chegou nenhuma viatura e nenhum ambulância, isso vai virar uma bagunça.

Sil parece que ouviu Dan, mesmo ele estando um pouco distante de mim enquanto descíamos a rua.

- Chris, por favor ligue novamente assim que souber a hora do velório.

Eu prontamente respondi:

- Prometo que ligo Sil.

Quando subimos as escadas, antes mesmo de passarmos pela porta da sala, eu pude ver Juan abraçado com Luan, era realmente uma cena muito triste, eu nunca tinha passado por isso.

A empregada deles também estava chorando muito, e começou á explicar á eles o que havia acontecido. Ela explicou que não veio de manhã, mas que resolveu vir de noite para a residência deles, para dormir lá, e acordar cedo no dia seguinte, mas assim que chegou, se deparou com a cena.

E a cena não me parecia tão horrível, á não ser por alguns detalhes. Brian, o pai dos gêmeos, estava sentado no chão, com as costas apoiada no sofá e a cabeça para trás. Ele estava bem aparentado, mas havia um enorme corte em sua cabeça, e uma pequena mancha preta em volta do corte, e seu cabelo antes da viagem era comprido, e agora ele estava completamente careca, dando á entender que ele já teria tratado daquele corte, e não poderia ser aquele o motivo de sua morte. A sua mão esquerda estava segurando o peito, e a mão direita estava segurando um embrulho de papel, parecia ser uma pedra ou sei lá.

Quando nos aproximamos, uma cena me chamou a atenção, meu irmão ficou completamente perplexo ao ver o corte na cabeça de Brian, ficou ofegante e saiu em direção a cozinha.

Enquanto isso, Juan pegou o embrulho da mão de seu Pai, e eu pude ouvir uma ambulância chegando.

A empregada deles disse que havia ligado para a emergência, mas que eles demoraram demais. Quando os enfermeiros entraram, pediram para que todos nós nos afastássemos, mas Dan passou por nós e foi direto para a rua.

Eu desci pra rua e levei os gêmeos comigo, ainda inconsoláveis, olhei para Dan e ele estava fumando um cigarro, não quis perguntar, mas meu irmão nunca fumou, ele sempre gostou de se gabar por ser atlético e tudo mais, seu físico era invejável, mas parecia que ele tinha emagrecido um pouco.

De repente, aconteceu algo mais curioso, uma outra ambulância chegou, e as pessoas que estavam na primeira ambulância foram falar com os que haviam chegado, e se resolveram, então achei que estava tudo bem, deveria ser um engano deles.

Juan e Luan ficaram comigo na casa, e a empregada foi com o corpo deBrian e os enfermeiros na ambulância para os exames que deveriam ser feitos. Ficamos todos conversando a madrugada inteira, e Dan me pareceu um pouco mais confortável agora.

Mais ou menos em torno do meio-dia no dia seguinte, a empregada deles ligou na casa e pediu para que arrumassem tudo para o velório. Explicou que apesar de Brian ter apresentado um corte enorme também na costela, e uma mancha negra tomando conta de todo o seu peito, a real causa da morte havia sido traumatismo craniano mesmo. Luan redobrou a consciência de imediato, mas ainda chocado com tudo tão repentino, e ligou para o serviço funerário e tudo mais, ficou agendado que o velório, assim como o enterro, seria ás 22:00 horas até as 23:30, em um cemitério não muito longe. Foi então que liguei pra Sil e pedi para ela avisar os demais. Em seguida, liguei para a minha Mãe.

Descobri então que odeio velórios, já estava lá a 1 hora, o suficiente para constatar isso, mas poderia ficar pior, Kau poderia ter a brilhante idéia de trazer Roger com ela, e meu irmão presenciar. Bem, porque eu fui pensar nisso ? Quando olhei para o corredor, vi Kau chegando justamente com Roger e Sil ao seu lado. Sil me cumprimentou e deu um forte abraço em Dan, mas Dan mal conseguiu desviar o olhar de Kau e Roger, que passaram direto e foram abraçar os gêmeos.

Kau não falou comigo, e nem com Dan, somente com a minha Mãe, e foi assim até a hora do enterro. Ficamos meu irmão e eu consolando os irmãos, enquanto Kau e Sil começaram á chorar bem mais que até agora haviam chorado, percebi ali também que a parte mais triste de um velório é o enterro, ali era um adeus, e quando me dei conta, estava chorando muito também.

Quando tudo acabou, começamos á andar em direção ao estacionamento, minha Mãe se despediu de Kau e dos demais, mas mesmo assim, a situação ainda parecia incomoda, pois Kau não falou com Dan, e Dan nem sequer olhou pra trás.

Já dentro do carro, resolvi falar agora para consolar meu irmão:

- Eu ia te contar que ...

Mas fui interrompido:

- Você não tinha a obrigação de me contar nada, a errada é ela, eu não quero mais saber dessa história.

Minha Mãe e eu olhamos um pro outro e ficamos calados e foi assim até chegar em casa, ele estava dirigindo, então era melhor deixar ele calmo mesmo.

Quando chegamos em casa, todos com os rostos vermelhos de tanto chorar, meu irmão foi em direção ao quarto e eu fiquei na sala. Liguei a TV e tentei pensar em outra coisa, quando meu irmão resolveu falar comigo:

- Você vai tomar banho ?

- Pode ir primeiro.

- Valeu, eu não demoro.

Relaxei um pouco então, e meu irmão se descuidou e tirou a jaqueta e jogou para dentro do quarto, e eu fiquei completamente pasmo com o que eu vi. Dan estava com um enorme corte no braço direito, com uma mancha preta em volta do corte, era exatamente idêntica a ferida que havia na cabeça de Brian, sem duvida alguma.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Capitulo 4 - Bem vindo ao clube : Do mágico ao trágico

3 comentários

Começamos á nos despedir na estação Sé, pois só os gêmeos e eu iríamos para o lado leste da cidade.

Dei um forte abraço na Sil, que me confortou muito inclusive, e Roger pediu aos gêmeos que anotassem o numero do seu celular para não perder contato, e então, Luan jogou o seu próprio celular para Roger e disse :

- Digita ai o seu numero .

Na hora, Juan percebeu que Roger segurou o celular com o braço esquerdo e brincou :

- Você sabia que os canhotos vivem menos não é ?

Eu achava legal a pessoa ser canhota, apesar de ser destro.

Depois que trocaram os números de celulares, fomos para o nosso vagão e descemos na ultima estação e pegamos uma lotação que nos deixava muito perto da minha casa.

Não conseguíamos de forma alguma ligar no celular de Dan, mesmo ele tendo mandado a mensagem, então resolvemos esperar ele em casa ao invés de irmos buscá-lo.

Essa coisa toda me animava, antes esses dois malucos eram só os amigos do meu irmão mais velho, e agora, já andamos de metrô juntos, fomos á um show, pra mim era tudo muito estranho e divertido.

Ficamos no meu quarto, meu não, meu irmão e eu dividíamos, mas como ele já havia ficado um bom tempo fora, me acomodei demais e colocava todas as minhas coisas na cama dele, que era a cama de cima da nossa beliche. Comecei á arrumar as coisas, e os gêmeos sentaram ao computador.

A parte legal de quando eles iam em casa antes com o Dan, ficavam no computador e instalavam milhares de programas legais e jogos novos, e quem gostava disso era eu. Mas eu era o mais novo, então nunca podia ficar por perto quando eles ficavam no quarto mexendo no computador, e dessa vez, meu irmão nem por perto estava.

Peguei o violão embaixo da cama e me sentei em um colchão no chão, Dan estava demorando demais. Eu sabia arranhar algumas notas, mas não tocava tão bem quanto os gêmeos e meu irmão, eles eram realmente muito bons no violão e na guitarra.

Depois de um certo tempo de espera, me cansei e deitei, deixando a minha cabeça pra parte de fora do colchão, a luz do teto ficava bem nos meus olhos, foi quando uma cabeça entrou bem na frente da luz. Virei a cabeça para o lado e me deparei com um tênis AllStar, branco, imundo com detalhes azuis, com certeza, era o Danilo.

Me levantei na hora e abracei meu irmão, que deu um frio sorriso e me abraçou somente com o braço esquerdo, estava segurando uma mochila no braço direito, fiquei alguns segundos abraçado com ele, era bom revê-lo.

Dan foi até os gêmeos e deu um abraço nos dois também, logo em seguida, sentou na cama, e deu um longo suspiro de alivio. Minha Mãe trouxe um enorme prato de comida e convidou todos para jantar, mas eu ainda estava enjoado depois da festa japonesa, e os gêmeos também :

- Não, não ! Pelo amor de Deus dona Viviane, se eu comer mais alguma coisa eu vou explodir.

Disse Luan fingindo estar chorando e abraçado com seu seu irmão, que entrou na onda e também fingiu estar chorando. Minha Mãe riu e voltou para seu quarto, mas dava para ver a felicidade dela por meu irmão estar de volta, depois de um longo tempo sem noticias.

E começaram as perguntas, Dan ficou até impaciente com tantas perguntas que fizemos ao mesmo tempo, mas não respondeu nenhuma, ele parecia meio diferente, levantou-se e foi levar o seu prato na cozinha. Enquanto ele se ausentou, eu resolvi questionar :

- Só eu achei que ele esta diferente ?

E Juan disse :

- Ele esta cansado da viagem, só isso, não deve estar se sentindo bem.

Dan voltou e se seguiu alguns minutos de silencio.

Quando Luan finalmente resolve se despedir, pois já estava tarde, o celular de Juan toca e ele atende rapidamente :

- Alô ?

Alguns segundos e Juan começa á chorar e olha para Luan.

- Nosso Pai voltou ...

- E ?

- Cara ! Ele faleceu.

Uma angustia tomou conta de todos, e eu rapidamente corri para o quarto para pedir a chave do carro para minha Mãe, pois Dan sabia dirigir, mas estava tão surpreso que não saiu do lugar:

- Mas voltou de onde ? Onde Brian estava ?

- Na índia.

- Não ! Na índia estava eu.

- Ele também estava, mas só avisou depois que viajou.

Minha Mãe ficou horrorizada, e queria ir junto, mas eu pedi para que ela ficasse, e viríamos buscá-la assim que tudo se acalmasse.

Dei as chaves na mão de Dan, e por um rápido segundo, eu tentei entender porque ele estava usando uma blusa, se estava tão calor ? Não tinha reparado isso.

Luan e Juan estavam inconsoláveis.

Quando chegamos finalmente á frente da casa deles.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Capitulo 3 - Bem vindo ao clube - O novo e o velho

4 comentários

Meu irmão mais velho sempre foi o protetor. Eu não tinha Pai, meu Pai morreu quando eu tinha 3 anos, e minha Mãe sempre evitou falar sobre a morte dele, mas sei que foi câncer, porque eu sabia que meu Pai fumava demais. Meu irmão já tinha seus 9 anos, então deu tempo de criar um laço maior de paternidade entre eles. Quando meu Pai faleceu, o sentimento de proteção tomou conta de meu irmão, e quando ele sentia algo, ele sentia como qualquer outra pessoa no mundo, então por isso cresci com meu irmão quase como meu pai, ou seja, sem nunca me deixar entrar em um bate cabeça em um show de rock.

Mas ele não está aqui agora, e eu acabei de levar um belo soco no queixo. Senti as mãos de alguém me pegando pelos braços:

- Você está bem ?

- Estou sim. Valew.

Odeio esses roqueiros com visual grunge, eles parecem porcos e bêbados o tempo todo. Mas esse que me ajudou parecia ser um pouco mais amigável. Mas eu não conseguia deixar de pensar que era estranho em minha cabeça, eu levar um soco tão forte e ser tão prazeroso.

- Cara ! Me sinto de alma lavada.

- Fazia tempo que não nos divertíamos tanto. Toca aqui Chris.

Os gêmeos sabiam curtir um show, definitivamente.

O show tinha terminado, e as pessoas começaram a sair. Foi quando Kau me puxou pelo braço:

- Gente ! Quero apresentar a vocês o meu namorado, Rogério, mas podem chamar ele de Roger.

Cabelo louro até o ombro, camisa xadrez vermelha, calça jeans com um rasgo no joelho e AllStar. Definitivamente, era o cara que me ajudou a levantar quando caí depois do soco.

- Quase morre hein baixinho ?

Eu não queria ser amigável, era o novo namorado da minha ex-cunhada, mas como ele não sabe de nada, respondi numa boa:

- Fico te devendo essa.

Os gêmeos estavam tão incomodados com a situação quanto eu. Havia um corredor até chegar ao estacionamento, e ninguém parecia querer puxar assunto.

- Onde esta o carro de vocês ?

Foi ai que eu lembrei que a Sil existe. Parece meio comum entre os mestiços, sempre tímidos, e com a Silvana não era diferente, às vezes eu até esquecia que ela existe.

- Meu carro está aqui, você quer carona Chris ?

Eu parei por alguns instantes pra pensar na situação e resolvi perguntar:

- Kau, você vai com quem ?

E o Roger respondeu antes dela:

- Eu tenho uma moto com dois capacetes, eu vou levar ela.

O cara realmente parecia ser uma boa pessoa, mas eu não conseguia gostar dele.

Pensei por alguns segundos. Juan iria com o Luan, Kau com o tal Roger, então eu não quis deixar a Sil sozinha e resolvi deixar ela me dar a carona.

Kau e Roger se despediram da gente e foram na frente, deu pra ver a moto dele de longe, achei que ia ver uma moto dos Abutres, mas o que eu vi foi uma moto bem estilosa, de cor dourada.

Os gêmeos tinham um desses carros grandes, preto e com caçamba, mas era descoberta. E Sill tinha um carro muito pequeno, de cor amarela.

- Eu vou caber aí dentro ? - tentei brincar.

- Você cabe dentro até mesmo de carro de brinquedo.

Às vezes eu esqueço que sou muito baixo.



Enquanto estávamos no carro, conversamos sobre comidas Japonesas, já que ela era descendente de japoneses, e eu, assim como meu irmão, adorávamos cultura Oriental:

- Amanhã tem Festival das Estrelas na Liberdade, por que não vamos ?

- E o que é isso ?

- É um desfile que acontece todos os anos, tem barracas com comidas típicas e coisas do tipo.

- Vou mandar uma mensagem pra todo mundo pelo celular.

Eu não poderia deixar de perguntar isso:

- Gosta desse tal Roger ?

Ela demorou um pouco pra responder :

- Eles estão juntos há pouco tempo, ele é uma boa pessoa. Talvez nem fiquem juntos, vamos dar tempo ao tempo.

- Você tem razão, tem toda razão.

Olhei pra fora pela janela do carro, vi que estava amanhecendo. Senti o queixo doendo, e o prazer por isso. Nossa ! Como eu estava cansado.



Marcamos ás 14 horas, no marco zero, nas escadas da Praça da Sé. Eu adoro esse lugar, essa igreja é linda e meu irmão sempre me trazia aqui quando eu era mais novo, andávamos o centro todo, íamos muito na galeria do Rock. Então eu já conhecia bem a Liberdade, é fácil ir pra lá andando daqui. E todos vieram de metrô.

- Seu cretino, porque não marcou na catraca do metrô Liberdade ?

Só de ouvir essa frase, eu já sabia que se tratava dos gêmeos:

- Eu queria ver um pouco a igreja, até cheguei mais cedo e dei uma volta.

Logo em seguida chegou a Sil e a Kau com seu namorado, mas estava melhor arrumado hoje.

Todos estavam com cara de cansados, pela noite anterior, mas pareciam felizes por estarem juntos.

O clima por causa do Roger se desfez. O cara fazia piadas o tempo todo também, e arrancou muitas risadas do Juan e do Luan.

Já era por volta de 16 horas, estávamos empanturrados de tanto comer, e cansados:

- Gente, eu não sei vocês, mas eu vou pra minha casa. - disse a Silvana.

Então todos concordaram em ir embora juntos. Foi nesse exato momento que recebi uma mensagem no celular.

" Estou no aeroporto de Guarulhos já, chego em casa ainda esta noite. Ass: DAN "

Meu irmão adora surpresas.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Capitulo 2 - Bem vindo ao clube - O inesperado

3 comentários
- ABAIXEM ESSE MALDITO SOM !!!
- Calma bofe, não grita senão você fere os nossos sentimentos.
Mesmo gostando de um bom Rock, o fato desses dois irmãos as vezes só funcionarem enquanto estão chapados de todos os tipos de drogas possíveis, fez com que eles passassem á ouvir musicas do estilo eletrônico, eu nunca presenciei eles dois usando drogas ou sob o efeito, e não reclamava da musica porque eletrônico era tudo o que combinava com eles.
- Alô.
- Onde vocês estão ?
- Quem esta falando ?
- Como quem esta falando ? Repare na suavidade da voz.
- Shrek ?
- Não né ! Sou eu, a Kau.
- Olá Kau, o que aconteceu ?
- Silvana e eu queremos sair, e como não temos mais nenhuma alternativa, resolvemos te ligar.
- Fico muito feliz pela parte que me toca. Eu, o Luan e o Juan estamos á caminho do Kazebre, show do Dead Fish
- Porque esta com eles ?
- Não tinha opções também.
Juan não estava dirigindo, então deu aquela olhada pra trás e eu cai na gargalhada.
Kau continuou:
- Então estamos indo também, esperem a gente na entrada.
- Ok ! Sem problemas.
- E você é muito novo ainda pra andar com esses dois malucos, ouviu ?
- Minha Mãe me diz isso todos os dias, não se preocupe.

Eu esqueci de perguntar onde exatamente elas estavam, o que resultou em uma espera de mais ou menos uns 20 minutos. O Kazebre fica nos confins de uma Avenida onde tem muito mato, o que da uma sensação de frio constante.
Os gêmeos já estavam fumando um cigarro, quando o Luan se engasgou.
- Kau ? É você mesma ?
- E porque não seria ?
- Porque estou vendo uma moça.
Realmente, eu conheço bem a Kauelli. Ela é nada mais e nada menos que a ex namorada de meu irmão, e realmente, nunca causou a impressão de mulher delicada, e conheceu meu irmão justamente na academia de Kung-fu, onde treinaram boa parte juntos até o relacionamento entre os dois se desgastar, e fazer com que meu irmão perdesse a cabeça completamente.
- Esta linda Kau.
- Obrigada Christofer, ainda existe cavalheirismo entre poucos de vocês.
- Olá Sil.
- Como tem passado Chris ?
- Nada demais, aproveitando a primeira semana de férias escolares e a incrível chance de não poder trabalhar por estar com 17 anos e não ter sido dispensado do exército ainda.
Foi ai que todos me olharam com uma cara muito suspeita, e Kau me perguntou :
- Se você tem 17 anos, como pretende entrar em um lugar onde só entram maiores de 18 ?
Eu nunca me lembro desses detalhes.

Uma coisa que eu não posso reclamar do Luan e do Juan, é a facilidade que eles tem de pensar em soluções. Foi só os dois comprarem 3 ingressos, a mulher do guichê pediu o RG, eles apontaram pra um cara barbado e meio bêbado qualquer. Ela fez uma cara de quem não acreditou muito, mas quem se importa ? Eu já estava na catraca esperando.
Uma vez lá dentro, era a hora de parar de conversar, pois o som era incrivelmente alto perto do palco, quando a banda finalmente entrou e começou a primeira musica.
Não me lembro de quando foi que me senti tão feliz de não ter meu irmão por perto, e a Kau já havia caminhado pra uma outra parte do lugar, quando olhei um monte de garotos se amontoando em frente ao palco, vi o Luan pulando em direção ao amontoado e gritando em minha direção:
- Bem vindo ao clube.