quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Capitulo 14: Bem vindo ao clube: O torneio

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Sil segurou a minha mão:

- Não vai, isso é assunto deles.

Olhei para Kau, mas ela, sem nem pensar duas vezes se levantou e empurrou alguns, e seguiu os gêmeos.

Roger veio falar com a gente em seguida, e perguntou de Kau, explicamos que ela havia seguido os irmãos, e que por sua vez, seguido os dois estranhos:

- E o que tem demais dois militares?

- Uma testemunha disse que havia visto exatamente isso em frente a casa deles no dia da morte de Brian.

- Tomara que conversem com eles e esclareçam tudo.

- Viu meu irmão nos bastidores?

- Vi sim.

- E então?

- Então o que?

- Medo?

- Nada, na verdade, estou mesmo é ansioso.

- Não subestime meu irmão.

A verdade era que todos nós estávamos ansiosos, mas como eu não acreditava que a morte de Brian tinha envolvimento direto com Dan, queria mesmo era ver uma boa briga. Pois cresci vendo lutas na televisão, e conhecia alguma coisa, meu irmão adorava, e ele ainda era meu herói apesar de tudo.

Em seguida, Kau voltou:

- Não conseguimos sequer chegar perto dos dois estranhos. Sumiram na multidão.

- E cadê os gêmeos?

- Estão vindo já.

Aparentemente frustrados, os dois se sentaram e lamentaram:

- Não entendemos nada, simplesmente.

E luan completou:

- Alguém ao menos decorou o uniforme deles?

E obviamente, depois das respostas, ficaram mais frustrados ainda.

Alguns minutos depois, Roger se levantou depois de ouvir a voz nos altos falantes:

- Preciso ir. Depois da luta nos vemos.

Não me recordava de ele ter um aperto de mão tão forte:

- Boa sorte!

- Obrigado baixinho.

Segurei a mão da Sil o mais forte que pude, eu mal podia ver a hora de começar.

E depois de algumas lutas, a espera acabou. Dan finalmente se revelou no tatame, tirou o a blusa de capuz e colocou o Kimono de Kung-Fu, preto e de mangas cumpridas. O que escondia a ferida em seu braço.

Mas a ansiedade foi em vão, o adversário de Dan era um lutador de Karatê, aparentemente nervoso com a situação, um prato cheio para Danilo, que na primeira oportunidade em menos de 7 minutos de luta, acertou um golpe tão forte no peito do rapaz, que não teve outra opção, á não ser abandonar a luta. E Dan sequer comemorou sua vitória.

Resolvi indagar:

- É impressão minha, ou Dan parece mais forte?

E Juan com seu bom humor:

- Colocaram um frango para lutar com ele também, assim até você.

- Eu sei me sair bem em uma briga ouviu?

- Sabe sim! Sabe sair correndo como ninguém.

Eu ri tanto, que nem percebi que coincidentemente, a próxima luta era a de Roger. E Kau não conseguiu esconder a sua euforia:

- Agora vamos ver o que pode acontecer.

O adversário de Roger era bem mais forte que o adversário de Dan, então achamos que seria mais difícil para Roger, mas muito pelo contrario. Mais uma vez nos frustramos quando em menos de 5 minutos, Roger mobilizou o cara no Tatame, como no Jiu-Jitsu, e então, o rapaz não teve outra opção a não ser se render.

Kau comemorou:

- Tomara que Roger e Dan não se encontrem nesse torneio, pois Roger parece bem mais disposto.

Eu não quis me envolver porque o que todos estavam esperando, era o encontro inevitável dos dois, mas Dan me parecia incrivelmente mais frio.

Roger então passou por mais dois adversários, e os venceu facilmente. Seguiu em frente no torneio facilmente.

Dan também teve uma segunda luta muito fácil, porém, em sua terceira luta, algo parecia incomodar ele, sua face mudou estranhamente, e ele parecia sentir fortes dores, mas mesmo assim venceu depois de uns vinte minutos de luta. Tentei ir até onde os lutadores ficavam, mas Roger me impediu na entrada:

- Receio que mesmo que você queira, Dan não vai falar com você. Ele já ignorou todos aqui dentro.

Me senti incapaz de ser um irmão naquela hora, e me recolhi em minha cadeira novamente, e apertei a mão de Sil mais uma vez:

- Sinto como se meu irmão tivesse morrido.

Já havia escurecido. Já tínhamos saído e entrado do ginásio muitas vezes. Mas agora estávamos todos sentados, com os olhares fixados para o centro do ginásio do Ibirapuera, e a luta mais esperada por todos nós estava estampada no telão:

Rogério Diaz Vs. Danilo Gaia

O juiz fez os dois se cumprimentarem, e saiu. E um enorme mistura de sentimentos tomou conta de mim, mas não me manifestei, pois sabia que o único ali que ainda queria ver uma possível vitória do meu irmão, era somente eu.

Na primeira tentativa de golpe, Dan acertou um chute de direita, que acertou o pescoço de Roger, que pareceu não se importar, pois acertou, por trás da perna de Dan, um soco certeiro no rosto de Dan. E os dois se afastaram.

Dan parecia mais nervoso, mas atacava bem mais, e na segunda tentativa, tentou um soco no peito de Roger, que defendeu com os dois braços, e se armou para dar um soco épico, porém, conforme abriu os braços, sua guarda se abriu, e Dan era muito mais rápido e sem ao menos ninguém ver, o pé direito de Dan acertou em cheio o peito de Roger, que afastou com cara de dor.

Kau se levantou ao meu lado, mas Roger logo se recuperou e foi em direção de Dan, que recuou, mas não o suficiente. Roger deu um soco de direita, e Dan defendeu. Todos nós, por um segundo, entendemos o porque. Roger era canhoto, e quando Dan segurou o braço de Roger e puxou, o mesmo acertou em cheio um soco na cara de Dan, e Dan soltou seu braço e caiu, Roger ainda recuava o braço, quando Dan olhou atentamente por baixo da manga do Kimono de Roger, e viu a mancha em seu braço. Eles trocavam algumas palavras durante a briga, mas acho que ali, naquele momento, Dan deve ter se arrependido do que fez, pois a força dos dois parecia ser, digamos, fora do normal.

E a luta seguiu, balançada, Dan parecia mais forte, porém, Roger estava mais determinado. Foi quando tudo começou á mudar, os dois descasaram, e voltaram ao tatame. E o ginásio inteiro se viu agitado, todos falavam alto, ninguém torcia mais. E quando olhei para a porta, percebi o motivo, a policia estava praticamente invadindo, e lotando o ginásio. E eu obviamente sabia o porque. Kau, Sil, Luan e Juan continuaram calados, e a emoção se seguiu, pois Dan e Roger estavam de volta ao tatame.

Roger parecia ter usado todos os seus conhecimentos, já fazia uns 20 minutos que os dois estavam ali, Dan parecia exausto também, e fazia caretas horríveis, como se tivesse sentindo muita dor, e de repente, a Dan soltou um grito que ecoou por todo o ginásio, e praticamente pulou pra cima de Roger, que assustado, defendeu-se e na oportunidade, acertou um soco certeiro no estomago de Dan, ali era o fim do meu irmão.

A policia estava só esperando a luta terminar, para anunciar e dar voz de prisão ao meu irmão. Uma lágrima escorreu aos meus olhos, mas Kau e os demais não tiveram consideração, e comemoraram a vitória como uma copa do mundo. Mas Kau tentou me acalmar:

- Não fique assim Chris, pense pelo lado ...

Antes mesmo de Kau terminar o que ia dizer, ela deu um grito e se abaixou. Todos no ginásio começaram á correr e entraram em desespero.

Abracei a Sil e a deitei no chão, abaixo das escadas, olhei para o centro do ginásio, e vi um policial deitado, e todos os outros apontando suas armas na direção do meu irmão. Nos escondemos e Roger apareceu em seguida e segurou a mão de Kau:

- Temos que sair daqui.

- O que aconteceu?

- Parece que Dan não tem mais controle de si mesmo, esta agindo como um animal.

- Mas porque?

- Receio ser por causa da mancha em seu braço. Eu tenho que sair daqui antes que aconteça.

- Antes que aconteça o que?

- Antes que aconteça o mesmo comigo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Capitulo 13 - Bem vindo ao clube: Pensar no que dizer?

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Sabe, eu odeio essa gente que vai ao shopping para não fazer absolutamente nada. Mas do que eu podia reclamar? Eu estava lá sem fazer nada, olhando a vitrine de videogames de uma loja enquanto a Sil estava no banheiro. Mulheres sempre demoram, então deu tempo de ver todos os lançamentos. Sai da loja e fiquei sentado no banco, imaginando onde eu estava a alguns dias atrás. E obviamente, dias atrás eu não me imaginaria jamais na situação em que me encontro agora, sentado em um banco do shopping em meu quarto encontro com a Sil, depois de longas conversas na internet, já havíamos assistido os filmes em cartaz, e até agora, ninguém criou coragem de, digamos, avançar o sinal:

- Vamos?

- Para onde agora?

- Quero ir embora, vamos acordar cedo amanhã.

- É verdade, o torneio.

Andando em direção ao estacionamento, eu imaginava o quanto aquela situação poderia ser desconfortável para a maioria dos garotos, mas não para mim, eu realmente não me importava em ser meio, digamos, desligado eu diria. Ok, eu sabia, eu era mole, e estava na hora de tomar uma atitude.

Quando chegamos no carro, para ir pro lado dela, resolvi fazer uma brincadeira:

- Deixa que hoje eu dirijo.

- Você nem sabe dirigir.

- Carros eu não sei dirigir mesmo.

- Ah é? E o que você sabe dirigir?

- A direção da minha boca.

E nesse exato momento, eu vivi a coisa mais incrível da minha vida, regada das palavras mais idiotas que já proferi em minha vida. Uma combinação perfeita. Eu estava seguro de mim mesmo, garota nenhuma sai tantas vezes com um garoto se não estiver afim de alguma coisa, ao menos era assim que eu pensava. E então, eu beijei ela, e beijei com tanta vontade, que esqueci completamente todas as outras coisas que me cercavam. Não era um estacionamento, era uma enorme paisagem onde tudo era azul, eu não tinha problemas, eu não tinha parentes, não tinha raiva e nem sequer eu tinha chão. E quando abri os olhos, tudo se refez diante de mim. As colunas cinzas em volta, aquele carro pequeno onde ela estava apoiada e aqueles olhos puxados, e o bico se desfazendo em seus lábios:

- Você já pode abrir os olhos se quiser.

- Meus olhos já estão abertos seu idiota.

Levei um tapa no braço, mas não foi um tapa qualquer, foi um tapa com um sorriso, tapas com sorrisos são para descontrair, para mostrar que elas estão felizes, ao menos eu espero.

Dei a volta no carro e sentei no banco do passageiro, coloquei o cinto, olhei ela novamente, mas ela não colocou o cinto. Demoramos muito para partir.

Odeio poucas coisas no mundo, mas uma que odeio muito são despertadores. Mas eu teria sonhado com a Sil esta noite? Coloquei a mão na escrivaninha para desligar aquele som irritante e passei a mão pelo par de ingressos do cinema de ontem, meu dia acaba de começar bem.

Almocei com minha Mãe, ela já não fala mais de Dan com frequência, e eu mesmo sabendo que talvez eu iria ver ele, não comentei. Melhor assim.

Sentei no sofá e ouvi a buzina tocar. Quando puxei a cortina da janela da sala, vi os olhos puxados segurando um volante, e a alegria me dominou:

- Eu já vou.

Gritei com satisfação. Dei um beijo em minha mãe, e como o portão era baixo, nem abri, pulei ele usando apenas uma das mãos:

- Isso tudo é alegria?

- Quantos caras tem uma serviço de entrega de namoradas?

- Vai com calma, e outra coisa, pare de andar muito com os gêmeos.

- Porque?

- Você faz piada com tudo.

- Melhor rir do que chorar.

- Vou fazer você chorar se não entrar nesse carro.

- Nossa! Isso foi uma piada?

Demos um sorriso, entrei no carro, coloquei o cinto e dei um beijo, aqueles beijos bem rápidos, um selinho.

Chegamos no ginásio do Ibirapuera, como eventos assim não são bem divulgados, e mesmo se fossem, ninguém iria de qualquer forma, estão todos preocupados demais com futebol, estava um pouco vazio, mas pude ver os dois irmãos em pé, ao lado de um carrinho de pipoca, com roupas parecidas e um cigarro na boca:

- Eu achei que vocês estavam vindo de carroça, minha diabetes até subiu de tanta pipoca que já comemos.

- Larguem de ser exagerados. Vocês fazem piadas com tudo.

- Melhor rir do que chorar.

- Ouviu né Sil?

Ela me deu um tapa, seguido de um sorriso. Como eu amava esse gesto.

Enquanto andávamos em direção a entrada, fui surpreendido pela Sil, que segurou a minha mão, e Luan claro, não poderia deixar de reparar:

- Posso saber que porra é essa?

- Olha lá como você fala da minha mulher hein.

- Esse mundo esta perdido.

Juan só olhou e riu, e escolhemos um bom lugar no Ginásio para sentar.

Logo depois de sentarmos, Kau nos encontrou, e sem nem nos olhar, sentou ao nosso lado e já foi logo dizendo:

- Roger é a terceira luta.

Sil então perguntou:

- Então o braço não foi problema?

- Não. Já estava cicatrizado então não falaram nada, só fizeram uns exames.

- Mas e a mancha?

Percebemos que Kau se incomodou com o assunto, então Sil já falou em seguida:

- Então, Chris tem algo importante para dizer á vocês.

Eu não queria nem falar sobre isso, mas, eu iria esconder?

- Meu irmão esta neste mesmo torneio.

- Que? Dan esta aqui?

- Eu não quero ser chato, mas eu só tenho o Dan de irmão.

Luan e Juan riram, mas fecharam a cara e questionaram:

- Como você sabe disso?

- Entrei na lista de inscritos no site e vi o nome dele.

- Mas ele é procurado, ninguém acha ele é?

- Bom, ai eu não sei, mas sei que vi ele inscrito.

E antes mesmo que pudéssemos concluir, Kau apontou para uma porta que ficava perto do tatame gigante no meio do ginásio, e vimos um cara com o capuz de blusa na cabeça, de forma que era impossível ver o rosto. Mas sabíamos que era ele.

E então Juan olhou para a porta de entrada do ginásio, e se levantou e andou em direção á ela.

Luan se levantou também e seguiu seu irmão. Nós três ficamos parados sem entender, então me levantei, e percebi que Dan conseguiu ver a gente na arquibancada assim que levantei, mas quando olhei pra porta, pude ver o motivo dos gêmeos terem ficado desesperados. Eu vi dois homens com roupas militares estranhas, um azul e um vermelho.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Capitulo 12 - Bem vindo ao clube: O novo encontro

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- Porque esta com o celular do meu pai, posso saber?

- Eu já não disse para vocês que estou tentando entender tudo porque estou tão confuso quanto vocês?

- Isso não justifica você estar ligado diretamente com meu pai Danilo.

- Façam o favor de ficarem calmos, pelo amor de Deus, eu não matei o pai de vocês.

- Nós enterramos quem então?

- Eu sei que era seu pai, eu vi, mas tem algumas coisas que não entendi.

- Como o que?

- Porque seu pai estava careca? Se sempre gostou de ter um cabelo nos ombros? E porque estava aparentemente bem mais velho, ele nem ficou tanto tempo na Índia.

- O corte na cabeça era recente, mas o da costela não parecia ser recente, deve ter afetado o organismo dele. Aquela mancha negra já estava bem avançada, mais que a sua.

- Eu estou com esse corte no braço já faz um bom tempo e ainda não pareço mais velho.

- Vocês brigaram? Foi isso? Um cortou o outro?

- Eu vou dizer uma só vez Juan, e todos ai que estão me ouvindo tenho certeza, eu não matei Brian, e pra ser sincero, receio que nem morto ele esteja.

- Quem era aquele então Danilo? - Gritou Luan.

- É o que estou tentando descobrir e não consigo.

- Onde você esta?

- Não posso contar, mas assim que eu puder, serão os primeiros a saberem.

Dan desligou o telefone, e gerou a fúria dos gêmeos:

- Como esse desgraçado pode dizer que meu Pai esta vivo? Depois de tudo o que passamos?

- Calma, ele deve estar louco.

Meu irmão não parecia louco, e parecia mais calmo também, mas ainda era difícil encarar ele como meu irmão, enquanto eu olhava Luan e Juan tão bravos como estava vendo agora:

- Se Danilo não fosse seu irmão Chris, eu juro que eu mesmo iria atrás dele pra acabar com ele com minhas próprias mãos.

Encarei como elogio, agora quem era o amigo deles era eu, e não mais o Danilo, e isso era bom e ruim.

Logo em seguida chegaram o trio Sil, Kau e Roger, e obviamente estávamos ansiosos para ver o braço de Roger como estava, ele desenrolou uma faixa branca do braço esquerdo e mostrou.

Ninguém quis desanimá-lo, o corte já estava bem, mas em volta, bem, eu iria até falar se o próprio Roger não tivesse me interrompido:

- Sei que esta ficando preta a situação pro meu lado.

Seguido de uma risada, o comentário sarcástico e de duplo sentido, explicou bem a situação da ferida.

Mas o que estava engraçado mesmo era a minha situação com a Silvana, nós nos olhávamos constantemente, e riamos de nós mesmos, e eu só pensava em como era linda, e tímida.

Não assistimos filmes, ficamos todos na cozinha conversando, relembrando momentos que eu nunca vivi, claro, sou mais novo e entrei pro grupo agora, pra ser sincero, era legal só ouvir.

Existia um pequeno bar na sala, onde Luan adorava preparar alguns drinks, eu nunca tinha bebido, então fiquei com uma lata de refrigerante durante todo o tempo. Mas Kau estava ligeiramente estranha já, falava super alto, e dava risada de tudo, estava engraçado:

- Eu sei que a Sil nunca ficou com um cara por mais de 7 meses.

Comentário significativo para mim, e Sil nem pareceu se importar:

- Sabe como é né, não posso ficar por mais de 7 meses, senão, corro o risco de namorar sério.

Legal! Ela nunca havia namorado. E nem eu.

E então começamos á sair pela porta, e em direção o portão da frente, todo mundo conversando de uma só vez, Roger e Sil ainda iriam dirigir, então não beberam, mas Kau e os gêmeos estavam pra lá de Bagdá:

- Precisamos fazer isso mais vezes. Muitas mais vezes, infinitas vezes.

- Já entendemos Luan.

- Eu to falando sério...

- Já entendemos irmão.

Quando começamos á nos despedir, Roger começou á falar com a gente:

- Essa semana eu tenho um exame médico, vou participar de um torneio de artes-marciais daqui á um mês, e estou treinando duro, gostaria que vocês me vissem competir.

Resolvi participar um pouco da conversa né, eu adorava todos os tipos de luta, por causa do meu irmão:

- Legal! E onde vai ser?

- No ginásio do Ibirapuera baixinho.

Já tava assim é? Tudo bem, se bem me lembro, foi o que ele disse quando cai no chão aquela vez no Kazebre:

- Legal, pesquisarei na internet hoje á noite para saber mais coisas.

- Beleza cara, quer carona?

- Não, pode deixar, vou á pé, é muito perto.

- Beleza então, abraço.

Roger entrou no carro, e eu fui em direção da Silvana para poder me despedir:

- Tchau.

- Tchau.

Quando fomos nos beijar, demos aquele beijo que é quase um beijo sabe? Um beijo assim, no cantinho? Um beijo... em fim, não sei explicar. E ela entrou no carro e partiu, seguiu um silêncio e de repente:

- Eu posso saber que porra foi essa pirralho?

- O que?

- Não joga areia nos meus olhos não muleque, tu tá á fim da zóio puxado.

- Cala a boca, não tem nada haver.

- Sei.

Eles eram engraçados, e inteligentes, como sei que não consegui enganar ninguém, resolvi ir embora logo:

- Tchau.

- Tchau pirralho, se cuida. E to de olho em você ein!

Somente dei risada e continuei andando.

Quando cheguei em casa, tomei um banho, e expliquei tudo para a minha Mãe, que vive preocupada, mas não faz idéia do que esteja acontecendo, e prefiro nem contar.

Antes de dormir, liguei meu computador para buscar as tais informações sobre o torneio.

O site era bem chamativo, e era fácil mexer em todas as buscas, e então eu vi um link chamado "lista de lutadores", e cliquei para ver o nome de Roger completo.

ROGÉRIO SANTOS DIAZ.

Nome bacana. Segui lendo a lista, e encontrei para minha total surpresa, o meu próprio sobrenome.

DANILO BIANOR GAIA.

Legal, isso vai ser mais interessante do que eu imaginava.

domingo, 5 de setembro de 2010

Capitulo 11 - Bem vindo ao clube: Os envolvidos

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Eu não sabia se estava entendendo bem a situação novamente, como as coisas estão confusas.
Juan virou e disse:
- Só para eu entender melhor. Meu pai estava com militares?
- Sim! E eles se despediram de seu pai, e em seguida entraram em uma limusine e sairam.
- É impossível meu pai se envolver com militares.
- E porque?
Eu imaginei que Juan iria ficar calado, afinal de contas, o pai deles mexia com armas, e as possibilidades dele se envolver com militares era praticamente impossível mesmo.
- Porque meu pai compra e vende armas ilegalmente, só por isso.
Que legal, ele fala com a maior facilidade do mundo pra uma estranha testemunha, e para o Dan e eu nunca falaram nada.
- Nosso pai não se envolve com esse tipo de gente, podemos garantir. Mas agora as coisas fazem menos sentido ainda.
- Mas eram militares sim, mas a cor do uniforme e o estilo, era como se fossem soldados, era algum tipo de militar que eu jamais havia visto.
- Qual era a cor.
- Um era azul, e o outro vermelho.
- Que estranho, nunca vi nada parecido mesmo.
Militares com uniformes coloridos? Realmente algo estranho de se imaginar, mas para os gêmeos, não lhes pareceu muito mais estranho. Eles se olharam e fizeram uma ultima pergunta:
- Tinha algum símbolo no uniforme?
- Tinha sim, mas não pude ver muito bem, eu estava longe demais para isso.
- Obrigado por todas as informações.
- Foi um prazer ajudar.

E de noite, enquanto eu tentava dormir, não conseguia pensar em outra coisa, queria ligar os fatos, encontrar uma luz no fim do túnel e desvendar tudo, mas era praticamente impossível mesmo, faltava alguma coisa e eu tinha esperança que aparecesse assim do nada, como em um passe de mágica. Mas tudo bem, o mistério parecia ser algo legal.

Eu juro que se eu tivesse mais uma semana como essas, eu morreria de tédio. Nada mais tinha graça, internet, televisão, videogame e nem mesmo o violão que tanto gostava de tocar.
Já que era sexta, e eu não falei com os gêmeos desde o final de semana, resolvi ligar pra eles e ver o que iriam fazer, Luan atendeu:
- Vão fazer o que o hoje?
- Simplesmente estamos cansados, e vamos assistir alguns filmes.
- Já pensaram em sair e arrumar namoradas?
- Se eu quisesse dor de cabeça, eu arrumava.
- Eu também não tenho namorada, posso me juntar ao clube?
- Seja bem vindo, liga pras meninas e vê se alguém quer vir também.
Obviamente a primeira pessoa que me veio na cabeça foi a Silvana, eu falei com ela uma vez ou outra durante a semana, mas ela só fazia perguntas sobre o que estava acontecendo e se tínhamos descoberto algo, mas é claro que não.
Liguei para Kaueli, e combinamos todos de ir direto para a casa dos gêmeos, mas eu cheguei primeiro, e os dois estavam discutindo que filme iríamos assistir primeiro:
- Como o pessoal não é da casa, eles não decidem que filme assistir.
- Então vamos assistir algo em que muitas pessoas morrem o filme inteiro porque eu não estou á fim de romance.
Não quis atrapalhar, mas a semana inteira sem saber de nada, eu não sabia o que eles faziam a semana inteira, porque não perguntar? Eles eram meus amigos agora:
- E durante a semana? Não aconteceu nada de confuso novamente?
Eles se olharam, acho que tentaram disfarçar, ou mudar de assunto sem falar nada, mas resolveram falar:
- Você se lembra que a tal testemunha falou dos militares, um azul e um vermelho certo?
- Sim! Claro.
- Então, você também se lembra da parte redonda do cabo da espada?
- Onde querem chegar?
- Vem até aqui.
Subimos um lance de escadas da casa deles, descemos vários outros lances de escadas, e chegamos em um grande porão, eu nunca tinha visto, era a parte de trás da garagem da casa deles.
Logo após passarmos pela porta, a primeira coisa que reparei de estranho, foram duas maquinas, uma de cor azul e uma vermelha, e antes mesmo que eu pudesse perguntar, Luan interrompeu meus pensamentos:
- Nós descobrimos que o cabo da espada, emite uma energia, bem pequena, e então havíamos construído duas maquinas simples, e usamos a energia do cabo para fazer elas funcionarem.
- Mas o que elas fazem?
- Nada ainda, são apenas pequenos motores, construímos elas somente para comprovar a energia da esfera.
- Mas fizeram dessa cor por causa da mulher?
- Ai é que esta, fizemos antes de saber de tudo.
- Antes?
- Exato! Mas achamos que possa ser somente coincidência, já que azul e vermelho sempre foram as nossas cores favoritas. A minha azul, e a do Juan vermelha.
- Descobriram algo sobre a sequência de números?
- Nem pensamos mais nisso, ficamos a semana inteira nesses motores, olha só.
Juan já tinha pego a esfera, e colocou dentro de um cubo transparente, que ligava aos dois motores, e ao fazer isso, automaticamente, os dois motores começaram a funcionar. Eu mal podia acreditar no que eu estava vendo, não tinha cabos , nem botões, simplesmente nada, o cubo transparente simplesmente centralizava a força da esfera diretamente aos motores.
- Seu pai estava com essa esfera certo?
- Sim! Você deve estar pensando que ele foi até a Índia atrás dela, com a intenção de fabricar armas com a força proveniente da esfera certo?
Ok! Ele me pegou, foi a primeira coisa que eu tinha pensado, e Juan completou:
- Se meu Pai foi até a Índia, somente para pegar uma esfera e arriscar a sua vida para fabricar armas potentes, imagine o que o seu irmão não foi capaz de fazer com uma espada inteira.
- Acham que meu irmão esta envolvido?
- Não só esta envolvido, como ele é parte de tudo, ele pode não ter matado meu Pai, mas os dois estavam juntos, isso é um fato.
Conforme tudo acontecia, eu queria achar respostas, mas só achava perguntas.

Largamos tudo no porão e voltamos para a sala, com essa atitude, eu imaginei que eles ainda não mostrariam aquilo tudo para Kau e os demais, que inclusive, estavam demorando para chegar.
Falamos sobre tudo, completamente, pensamos em todas as hipóteses e nada vinha na cabeça, até que eu me lembrei de um fato:
- Quando encontramos seu pai aqui na sala, ele estava com o celular?
E Juan respondeu de cara:
- Não.
- E ligaram para o celular do seu pai depois de tudo?
Luan ficou espantado consigo mesmo, e soltou a frase mais óbvia que poderia ter dito com aquele olhar:
- Como foi que não pensamos nisso antes?
Juan saltou do sofá, e pegou o telefone, mas não lembrava mais o numero de cor. Abriram a agenda, e discaram, colocaram no viva voz, e a voz do outro lado atendeu bravamente:
- O que vocês querem agora?
Luan e Juan me olharam, porque eu sabia bem de quem era a voz, era o Dan.