quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Penúltimo Capitulo - Bem vindo ao clube: Maldito seja

Silêncio.

 

O rosto espantado, e aos berros de Brian Cargnielli, logo á minha frente. Com os braços por baixo dos braços desse maldito que carrega meu sangue em suas veias. Enquanto eu virava a espada ao contrário, pois ainda estava segurando ela pela lâmina, pude ver os rostos espantados ao meu redor, como se finalmente a história de angústia daquela tarde em São Paulo tivesse acabado, mas estava em minhas mãos. O único rosto que me sugeriu outro sentimento, foi o de Kau, esse por sua vez transparecia uma ansiedade sem limites, seria para ela talvez, a morte de tudo o que ela já viveu, seu amor talvez, ou seu maior ódio.

Quando segurei a espada pelo cabo, tratei de trazê-la até meu peito, e com as duas mãos, para pegar mais força corri na direção de meu "irmão". No terceiro passo, um certo terror tomou conta de mim, Danilo, com o cotovelo, acertou Brian, que resistiu e continuou o segurando fortemente, o que me fez mais nervoso, mais louco eu diria. Aquele sentimento do qual eu não tinha controle, saiu de meu peito, tomou conta dos meus pulsos, e eu pude sentir toda a força da qual eu não tinha, invadir a espada, e essa por sua vez, sabia a direção exata.

Na segunda cotovelada de Dan, Brian não aguentou, e soltou levemente os braços do inimigo. Mas mesmo assim, nem os braços dele, nem meus braços impediriam ou me fariam ter piedade. Esse sim, foi de longe o que eu teria sentido naquela hora. Claramente, eu senti minha força na espada cortando as palmas de suas mãos, arranhando seus pulsos, cortando o pano de sua velha camiseta, perfurando sua pele e quebrando em cacos o seu tórax, atingindo em cheio o seu coração, e varando o outro lado. Ele não reagiu como devia, não gritou, sequer esboçou reação alguma, era isso que ele queria? Mas mesmo assim, eu ouvi um grito de dor. Brian ainda estava dando tudo de si para tentar segura-lo, e acabou sendo atingido.

Larguei então o cabo da espada, e ele pode me olhar nos olhos. Não caiu, o desgraçado não caiu, somente deu uns passos para trás, murmurou alguma coisa, e se apoiou no marco zero, uma estrutura de bronze que fica exatamente no meio da praça. Foi então que meu ódio foi diminuindo, e diminuindo, e minha consciência foi se redobrando aos poucos; Quando ouvi o som dos joelhos de Dan batendo no chão, meu cérebro me acordou. "Hey! Você acaba de matar seu irmão".

E chorei, chorei com a alma. Derramei o meu sangue naquela praça. Destruí um valor que eu tinha depositado em uma pessoa. Acabei com sonhos. Despedacei sentimentos. Terminei com uma vida. Matei meu herói de infância. Tirei a vida de meu próprio irmão.

O tomei em meus braços antes que caísse:

- Repete irmão, o que você disse? Repete...

Não obtive resposta alguma, ele nem tentou falar nada. Mas seus olhos me disseram adeus, fixados em mim, não piscaram. Se arregalaram e me disseram adeus, e eu gritei com toda a minha força aos prantos:

- Mas que droga cara! Porque tem que ser assim? Mas que droga, que droga. Que droga!

- Você sequer relutou.

Não era Dan, essa voz vinha de trás de mim, era Brian, apoiado também de joelhos no marco zero:

- Não pensou duas vezes, sabe o que significa? Que você sabia o que estava fazendo, sabia que era o certo.

- Cala a boca! Você não sabe o que esta dizendo.

Mas era a verdade. A escolha foi minha, e eu aproveitei a oportunidade da forma mais inteligente. Mas ainda assim, como foi que cheguei ali? Como foi que entrei naquela cena deplorável? Olhei calmamente para o céu, voltei para os olhos de meu irmão, e acreditem, ele sorriu, seu ultimo suspiro foi um sorriso. E então o adeus, se tornou outro sentimento, parecia mais um "obrigado", ou até mesmo um "até logo", seria qualquer coisa, menos um adeus. E calmamente seus olhos fecharam, e sem que eu pudesse ouvir a sua voz pela ultima vez, a sua cabeça perdeu a força, e tombou para trás de meu braço, e eu fiz a única coisa que eu poderia fazer naquele momento inconsolável, chorei.

Brian desviou sua atenção, e olhou fixamente o marco zero, ele estava ao lado da placa de bronze, que apontava para o Rio de Janeiro, e eu estava ao lado da placa que apontava para Santos, mas eu não queria prestar a atenção, e ele não respeitou o que eu sentia:

- Seu irmão não é o maior problema Christofer, por favor me ouça.

- Cala a boca velho.

Olhei com todo o meu ódio para ele, e ele insistiu, e percebi que ele estava sangrando demais. Ele olhou para suas próprias mãos cheia de sangue:

- Que ironia, você esta sentado de frente para a direção onde o seu futuro vai começar.

E uma voz apareceu:

- E o senhor esta sentado na direção do seu fim no futuro Sr. Cargnielli.

Eu não posso acreditar, de novo esses dois?

- Quem são vocês?

- Não importa Sr. O Senhor nos acompanhará agora.

- Eu não vou á lugar algum, eu preciso de um médico.

- Exatamente, levaremos o Sr. para cuidados médicos urgente.

Então interferi na conversa dos três:

- E meu irmão?

- As autoridades locais irão cuidar de todo o resto agora entre vocês.

Eu não sei qual desses dois eu odeio mais, o militar de uniforme azul, ou o militar de uniforme vermelho.

Senti uma mão tocar meu ombro, e foi logo me ajudando á levantar:

- Vem cara! Acabou.

Quando Luan me ajudou á levantar, todos os curioso ao redor começaram á gritar loucamente, a euforia mais uma vez tomou conta de mim e eu não sabia como reagir, eu estava feliz por tudo ter acabado, mas triste por ser desse jeito. Olhei para trás, ainda chorando, e vi meu irmão deitado, e de repente, apareceram médicos e o cercaram, acho que já estavam prontos para isso, parei e comecei á observar. Voltei para ver de perto, e ainda tive a frieza de perguntar:

- Ele vai ficar bem?

Mas quem respeitaria meu sentimento naquele momento?

- Seu irmão faleceu jovem.

E chorei mais, e mais.

 

O policial que estava cuidando de tudo, estava á alguns metros me encarando fortemente, falando ao rádio, eu percebi, mas comecei á andar, abraçado com os gêmeos. Fui andando até a Kaueli, e abracei ela com toda a minha força. Fazia tempo que não sentia um abraço tão gostoso quanto aquele. E então, para minha surpresa, Silvana também apareceu, correndo em minha direção, abri os braços, mas ganhei mesmo foi um beijo, para delírio dos curiosos, que gritaram e aplaudiram. E então a tristeza se desfez um pouco dentro de mim. Me senti um tanto quanto renovado. Mas minha nova felicidade duraria somente alguns minutos.

Os gêmeos, com a cara completamente amarrada, olhavam para o pai deles que recebia alguns cuidados médicos na ambulância ali perto, ao lado da ambulância que se aprontava para partir com o corpo de meu irmão. Eu queria ir junto, mas senti que devia ficar:

- O que foi?

- Você percebeu o que acabou de fazer?

- Eu matei meu irmão.

- Além disso Chris.

E então me toquei:

- Pelo amor de deus me perdoem, eu feri gravemente o pai de vocês.

- Você não tem do que se desculpar, achamos que isso iria acontecer.

- Como assim?

Os dois se olharam, e tentaram se entender:

- Nosso pai estava intacto, sem nenhuma ferida aparente.

- É verdade.

- Quem estava morto aquele dia na nossa casa?

- Seja lá quem for, parecia seu pai.

- Era nosso pai Chris.

- Mas como ele ganhou aquela ferida na cabeça?

- A da cabeça eu não sei, mas adivinha quem acaba de dar á ele uma ferida na costela, exatamente no mesmo lugar de quando o achamos?

Eu não tinha pensado nisso, mas é claro que eu não tinha pensado nisso. Eu não tinha pensado em nada, absolutamente nada. E quando fui indagar:

- Senhor Christofer, infelizmente, perante a lei e aos olhos da justiça, o senhor esta preso.

- O que? Como assim?

- Eu sinto muito.

- Meu irmão era o assassino.

- Se tivesse sobrevivido, o preso seria ele.

E Kau, Sil e os gêmeos se revoltaram, mas nada puderam fazer, pois os demais policiais seguraram eles todos:

- Isso é uma injustiça.

- Torno á repetir, eu sinto muito, mas a lei se aplica á todos.

Eu simplesmente não podia acreditar no que estava acontecendo.

A população se revoltou, todos queriam agredir os policiais e uma forte confusão começou na praça da Sé. Eu estava sendo arrastado para a viatura, e só deu tempo de gritar:

- Sil, por favor, avise a minha mãe.

E ela aos berros me respondeu:

- Fica tranquilo Chris, a gente te tira de lá hoje mesmo.

- Obrigado por tudo.

E eu ouvi tudo o que eu precisava ouvir:

- Eu te amo Christofer.

E botei pra fora tudo o que eu precisava botar:

- Eu te amo Silvana.

 

Me controlei, e entrei na viatura. Mas os berros da população eram demais, todos gritavam e faziam uma algazarra maldita, me senti a pessoa mais querida da terra no momento. Redobrei a consciência e comecei á observar tudo. Enquanto a viatura partia, pude ver a ambulância onde Dan estava fechando suas portas e partindo. Por cima de meu reflexo, vi a população enfurecida do lado de fora. Luan, Juan e Kau completamente desolados e caminhando calmamente na direção de outras viaturas, também seriam levados, somente Sil ficou.

Mas a cena mais perturbadora, eu só vi no quando a viatura se afastou um pouco. Brian não estava mais na ambulância, estava entrando em uma limusine preta, juntamente com os militares azul e vermelho, e carregando a espada. Maldito seja.

4 comentários:

Victor A. disse...

Penultimo, tá acabando a primeira saga *-* Espero que o próximo (e último) seja merecedor do enredo até agora, pq tá foda demais

Então cara, pq não postou sexta passada?

Unknown disse...

Ando sem imaginação pra escrever. Juro pra vcs. E tipo...o ultimo capitulo vai ser tipo com muito buraco. Mas o PRÒLOGO da próxima saga vai ser bacana, garanto.

Asamiya Zaoldyeck disse...

Eu já tinha lido, só faltava comentar...
Adoreeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei!!! Mas deu uma certa pena de ver o Danilo morrendo, mesmo ele merecendo. E esse capítulo me deixou mais afobada... (Quero o roger de volta! Ç.Ç)
Vamos tacar pedra na viatura! Ò_Ó Tirem o Chris de lá JÁ!!! CHAMEM UM ADVOGADO!!!!

A polícia às vezes... caga no pau. ¬¬

Victor A. disse...

Posso fazer uma pergunta do mais alto nível spoilerístico(?)?

Viajem no tempo?