Eu não sei se era o barulho ensurdecedor dos helicópteros. Se era a cara de espanto dos irmãos. A cara de quem não estava entendendo nada da Sil. Ou tudo ao mesmo tempo. A cena se imortalizava em minha mente, eu vi tudo em câmera lenta. Os militares se aproximando, o policial guardando o radio e um monte de civis rodeando a praça. Eis que meu momento de reflexão, por assim dizer, foi quebrado:
- Não se preocupem, estamos aqui para garantir que tudo dê certo.
Juan se exaltou, e questionou no ato:
- Quem são vocês?
- Somos de um serviço secreto Senhor.
- Serviço secreto vestindo uniformes coloridos? Porque não vestiram algo de neon?
- Receio que o você não saiba com quem esta falando, então se eu fosse você, ficava calado garoto e torcia para que eu não o leve daqui.
Eu nunca vi tanta satisfação no rosto de alguém, o militar vermelho, olhou bem nos fundos dos olhos de Juan quando disse aquilo, colocou o rosto bem perto do dele. Em seguida, olhou para o azul e abriu um enorme sorriso, me pareceu que ele havia realizado um sonho quando falou com Juan, e por coincidência, o azul não tirava os olhos de Luan, que ficou parado como uma estatua, mas depois de alguns segundos, resolveu falar:
- Olhem, não nos leve a mal. Mas temos bons motivos para não gostarmos de vocês, mesmo não sabendo quem vocês são.
O de azul respondeu, mostrando uma certa afinidade com Luan:
- E podemos saber o porque?
- Brian Cargnielli, nosso pai, faleceu algumas semanas atrás. Ouvimos uma testemunha que descreveu dois militares vestidos como vocês na cena do crime.
O militar de azul então ficou espantadíssimo, olhou para o vermelho:
- Como devemos proceder agora?
O vermelho então tomou a frente:
- Viemos para garantir que tudo fique bem, podem acreditar em mim. Existem outros como nós, talvez a testemunha tenha visto algum outro militar, não seria impossível.
Talvez eu devesse dar um chute na cara desse filho da puta, estava na cara dele que estava mentindo, mas os gêmeos ficaram completamente conformados. E então o policial interrompeu:
- Eu não quero estragar a cena de novela de vocês, mas temos outro caso muito mais importante para decidirmos, o rapaz dentro da igreja esta com reféns e minha obrigação aqui é cuidar para que ninguém saia ferido.
Os militares então se afastaram da gente, levando com eles o policial. Então eu resolvi, questionar os irmãos:
- Vocês finalmente tem a chance de colocar os suspeitos na parede e tremem na base?
Luan, que parecia mais calmo, me respondeu:
- Não sabemos se são eles.
- E quem mais usa uniformes militares de cores diferentes?
- Ele disse que existem mais deles.
- Ninguém tem coragem de sair assim na rua cara, só esses dois.
- Eu não sei explicar, mas eles parecem confiáveis.
- Como confiáveis? Os caras ...
Juan muito mais nervoso, me interrompeu:
- Fica calado, você não sabe o que esta acontecendo. Você esqueceu um detalhe pequeno.
- Que detalhe?
Juan levantou a mão, em sinal de quem me mandava esperar, mas senti uma mão em meu ombro. E então a voz do policial ecoou nos nossos ouvidos:
- Chris, você vai entrar na catedral e falar com seu irmão.
Eu levei um susto tão grande, mas tão grande, que senti um frio na barriga imenso. Parecia que iria levar um tiro ou sei lá. E então eu pensei, estou com medo do meu irmão? Eu cresci vendo ele sorrir, brincando, ouvindo Rock´n Roll, jogando videogame, treinando artes marciais. E agora, alguém me diz que vou ter que falar com meu irmão, e eu sinto medo?
- Eu vou Senhor. Pode ficar tranquilo que eu resolvo isso então.
Eu me senti o negociador né. Eu poderia estrelar um filme de Hollywood naquele momento, que estava tudo certo. Mas a verdade é que estava com tanto medo, quanto qualquer um:
- Quer que eu vá com você?
Me perguntou Sil. Claro que eu não queria, queria ir sozinho:
- Não amor! Eu vou sozinho. É meu irmão, só vou conversar com ele.
- Tudo bem, mas lembre-se que ele não é mais a mesma pessoa.
- Como se eu pudesse esquecer.
Nesse instante, eu lembrei da Kaueli. Se ela tivesse ali, agora, eu talvez a levasse comigo. Mas pensando bem, de que adiantaria? Talvez Dan só ficasse mais nervoso. Ainda mais sabendo que Roger estaria por perto. Olhei tudo ao meu redor, e só via infinitos curiosos, nem sinal dos dois.
Dei um beijo bem rápido, um selinho, na minha namorada. Como eu gostava de pensar assim. Apertei a mão de Luan e do Juan, com bastante força. Eu me sentiria importante se não estivesse com tanto medo. Comecei a andar, e os dois militares vieram me seguindo, e quebraram meu momento:
- Ele não vai pegar leve com você. Vai gritar, e perder o controle. Convença-o de que ele não pode ferir ninguém.
- Como sabem disso?
- Como sabemos não importa, o bom é que sabemos.
- Eu sei bem mais sobre ele do que vocês. Ele é meu irmão.
- Ouça o que eu vou dizer, com atenção, mais uma vez. Não os deixe ferir ninguém, mantenho-o calma, não fale sobre nada que possa acontecer com ele. Mantenha o foco em fazer ele lembrar de coisas passadas, pois ele esta muito perturbado.
- E se eu conseguir fazer ele liberar todos, vocês vão fazer o que?
- Não faremos mais nada amigo, essa é com certeza a ultima vez que você nos verá.
Pra ser sincero, eu fiquei feliz com isso. Não confiava nesses dois.
E ali estava eu, de frente a imensa catedral da praça da Sé, com um militar de cada lado, agora sim, me senti menos nervoso, o suficiente para me sentir importante.
O azul deu um sorriso estranho, como quem me conhecia muito bem, e falou:
- Foi um prazer imenso senhor Chris Gaia.
Estendeu a mão, e eu sem entender nada, estendi a minha. Mas fiquei em silencio. E então, o vermelho ressaltou:
- Estamos aqui para que tudo dê certo.
Apertou a minha mão também. Eles realmente pareciam felizes em ter me conhecido, e eu claro, não entendi nada e continuei calado.
Subi alguns degraus da escada da Catedral em direção a imensa porta de madeira, e resolvi para e olhar para trás. Olhei para os dois militares se afastando, e começando a sumiu no meio te tantos outros policiais e de tantos curiosos. Foi então, que eu percebi, um pequeno detalhe. O detalhe do qual Juan tinha acabado de me falar. Esse símbolo, nos uniformes deles, estampado nas costas, mas de forma discreta até, se misturava com a cor do uniforme. Eu já vi esse símbolo. Estava desenhado no pedaço de papel que Brian segurava quando morreu, juntamente com aqueles números estranhos
6 comentários:
Caaaraaa..se curiosidade matasse... eu tava mortaaa
Vc ve mto bem, baby
to adorandoooooo
Eba!!! Meu presente de aniversário atrasado! /meignore
Muito bom esse capítulo, mas como sempre... SUSPENSE DEMAIS!!!! Agora só próxima sexta... Ç.Ç Maldade isso...
Obrigado amigas. Se eu soubesse que era seu aniversario, teria feito alguma referencia né boba.
BJuuus
Good Job.
Depois de tanto conversar com o autor da história, consigo visualizar cada pedaço da cena!
Parabéns.
Melhor ep até agora^^
Aliás, cada um é melhor que o outro
Desculpa, esqueci de avisar... XP
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