terça-feira, 5 de outubro de 2010

Capitulo 15: Bem vindo ao clube - A morte de um sentimento

Alguns policiais cercaram Dan, em vão. Dan pulou por cima de um dos policiais e deu um soco certeiro em suas costas. O policial no mesmo instante perdeu o fôlego e caiu de joelhos. Outro policial tentou acertar um tiro, mas errou, todos estavam muito cautelosos, somente apontavam as armas e davam gritos de ameaças.

Roger pegou na mão dos gêmeos, e pulou a grade pro tatame, praticamente arrastando os dois irmãos. Eu segurei Sil e Kau pelas mãos e corremos em direção a saída. Enquanto corria, olhava o tempo inteiro para o centro do ginásio, vi Rogers e os irmãos entrarem no vestiário correndo, e Dan completamente fora de si agredindo todos os policiais em uma velocidade um tanto fora do normal.

Deixei Kau e Sil do lado de fora, e logo voltei para dentro, Sil tentou me impedir:

- Onde pensa que vai?

- Vou voltar, ver o que vão fazer com meu irmão.

- Aquele não é seu irmão.

- Negativo! Aquele não é o seu, irmão.

Ainda havia algumas pessoas correndo para fora, e alguns policiais feridos passaram por mim e tentaram me impedir, mas desobedeci as ordens e continuei correndo, e entrei no corredor do vestiário.

Meu irmão estava de costas para mim, de frente para Luan, Roger segurando a espada e Luan. Então gritei:

- Dan!

Ele ficou calado, me ignorou como se nunca tivesse me visto na vida, sequer olhou para trás, seu foco era a espada:

- Vocês não são loucos de não me entregarem essa espada.

E para minha surpresa, o próprio Juan respondeu:

- Você é que não é louco de tentar tomar ela de nós.

Exatamente no fim da palavra nós, Juan já se engasgou com a mão de Dan em seu pescoço, demorou alguns segundos até Roger olhar e entender o que aconteceu tão rápido diante de seus olhos e tentou desenrolar a espada da faixa em que estava enrolada. Dan lhe deu um chute certeiro na cara, sem tirar a mão do pescoço de Juan. E então Luan tentou acertar um chute em seu peito, mas ficou claro o quanto os gêmeos não tinham sequer habilidade alguma, da mesma forma que Luan tentou o chute, foi ao chão, depois de Dan virar o próprio corpo, soltar Juan e acertar outro chute certeiro na cara de Luan. Roger ainda tentou alguns golpes, mas não tinha o que questionar, Dan perdeu o controle, totalmente, e nem sabíamos do que, que força era aquela? De onde vinha? Dan deu uma cotovelada no pescoço de Roger, que já estava exausto depois da luta, virou o corpo dele e colocou ele de joelhos, segurou os dois braços dele e começou a juntar até Roger soltar um grito que ecoou por todo o corredor. E quando Dan se preparou para dar o chute nas costas de Roger, sentiu o soco mais forte que ele poderia ter sentido em suas próprias costas, tão forte, que chegou a perder o fôlego por alguns segundos. Sim, era o meu soco de direita, toda a raiva, toda a falta de consideração que ele teve por mim, não era mais meu irmão, era meu inimigo e eu tinha que encarar isso, e tudo estava depositado no meu braço e no meu punho:

- Parece que o caçula acaba de aprender uma lição não é mesmo?

Antes que eu pudesse responder, senti a mão direita de Dan entrando fortemente em meu estomago. Ajoelhei, e quando Dan pegou a espada, achei queria meu fim, traído e morto pelo meu próprio sangue, mas um tiro acertou a espada.

Dan desenrolou calmamente a faixa, olhando friamente para os rostos apavorados de todos os policiais, assim que terminou, retirou a parte de cima do Kimono, e começou a desenrolar a faixa em seu braço. Quando olhei, vi um Dan mais forte, segurando a espada, incrivelmente linda, completamente cromada, e seu braço quase negro, tamanha era a mancha. A parte negra de sua cicatriz era tão intensa, que parecia um fogo negro, consumindo seu braço aos poucos.

Dan não matou ninguém, mas atravessou completamente todo o corredor, deitando todos os policiais um por um, sem que lhe acertassem um tiro sequer.

Roger me deu a mão mais uma vez, e me ajudou a levantar, os irmãos já estavam na frente em direção a saída. Dan fugiu, nada pode pará-lo.

Ficamos encostados nos carros por alguns minutos no estacionamento, tentando imaginar o que estava acontecendo. Algo tão surreal, e estava acontecendo justo com a gente. Algo tão inexplicável, e não sabíamos nem se queríamos entender.

- Eu preciso fazer algumas perguntas a vocês se não se importam.

Perguntou um policial, cercado de mais uns três deles. Fizeram perguntas sobre a idade, ultima vez que eu vi meu irmão e coisas do tipo, e que qualquer informação que pudesse levar a policia a ele, pra ajudarmos. Eu estava tão triste e nervoso pelo meu irmão, que concordei com convicção.

Já vi essa cena antes. Dejavu certo? Na verdade, estar no banco de passageiro do carro da Sil, pensando em alguma coisa olhando para a janela, queria que se tornasse uma coisa mais rotineira:

- Me desculpe por ser tão bruto com você na hora do alvoroço.

- Tudo bem, eu pensei bem. Ele é seu irmão. Foi seu dever acreditar nele até o fim.

Por isso eu gostava dela, era sensata. Me entendia completamente, até demais:

- Mas saiba que agora eu acordei, aquele cara não é o meu irmão.

- Eu pretendia te convencer disso, fico feliz em não precisar.

- O que acha que foi tudo isso?

- Não quero entender, quero que acabe.

- E quando acha que vai acabar?

- Quer mesmo que eu diga?

Eu sabia a resposta, claro que sabia. Mas as vezes, ficamos tão cegos quando o assunto é relacionado a alguém que amamos tanto, que ficamos completamente cegos. E eu queria ouvir, mesmo que não adiantasse, eu queria ouvir. Queria que a angustia tomasse conta de toda a minha garganta, exatamente como aconteceu quando ouvi ela dizer:

- Acaba quando seu irmão morrer.

Sil e eu nos despedimos, mas ficou um gosto de quero mais. Eu adorava sair com ela, e bem, esse final de semana não foi bem como planejamos. A parte mais difícil vinha agora. Contar para a minha Mãe. Mas não precisei, ela já estava no sofá chorando, e a TV ao vivo ainda no Ginásio do Ibirapuera, transmitindo o ocorrido:

- Você esta bem Mãe?

Ela já parecia mais conformada:

- Sim! Ele te fez alguma coisa?

- Levei só umas porradinhas, mas estou bem sim.

Abracei ela bem forte, e seguimos assistindo juntos e conversando:

- Mãe! Esse não é o Danilo.

- Claro que não Chris. Danilo se foi, partiu, e disse adeus. Saiu por aquela porta para uma viagem e nunca mais voltou.

A realidade da minha Mãe já era como a minha afinal.

Já disse que odeio despertadores? Ok! Era hora de ir pra escola, meu ultimo ano e estava quase acabando, era o 4° trimestre e eu estava indo bem. Só tinha esquecido um detalhe, eu era irmão da pessoa que era o assunto mais comentado de todos os tempos em jornais, e na internet.Eu não queria faltar, mas sabia que ia ser difícil, e uma hora teria de encarar meus amigos. Conforme fui chegando na portaria, todos me olhavam, alguns com cara de desprezo, e outros com cara de bons amigos. Então um dos poucos amigos que eu tinha, Nikolas, que jogava bola comigo muitas vezes, veio falar comigo:

- Caralho! O que foi aquilo ontem?

- De qual parte você esta falando?

- Da parte em que seu irmão adquiriu super poderes e agora esta fazendo justiça com as próprias mãos.

- Meu irmão não é um super-herói, esta mais para um vilão.

- Me surpreende você falar assim de seu próprio irmão.

- Aquilo não é mais meu irmão.

- O que aconteceu afinal?

- Sinceramente? Eu não sei, e nem sei se quero entender.

- Como ele fez pra ficar daquele jeito.

- Meu irmão sempre treinou muito, ele ficou mais forte, e só.

- Sim! Ficou mais forte e só colocou um ginásio lotado de policiais abaixo, sem usar armas. Qualquer um faria isso.

- Nikolas! Seja sincero comigo. Você conseguiria pensar em alguma explicação para tudo isso se fosse com você?

- Jamais.

- E como ficaria?

- Apavorado.

- Então?

- Tudo bem, já entendi.

Não que eu não quisesse falar, mas eu ia falar o que? Eu mesmo não entendia nada.

- Vai fazer o que hoje?

- Sei lá, preciso me distrair.

- Hoje, lá pelas 6 da tarde, nós vamos jogar bola aqui na quadra da escola.

- Ótimo, to precisando.

Mais ou menos ás 17 horas, tentei enviar uma mensagem de texto para o celular da Sil, mas não consegui, então avisei minha Mãe, peguei as minha chuteiras, e fui para a casa do Nikolas. Depois de chamar ele, fomos para a quadra. Lá pras 19 horas eu já estava exausto, muito suado. Corri até meus pertences jogados no canto da quadra, e desenrolei minha calça até pegar meu celular, havia umas 20 chamadas não atendidas, todas da Sil. Então retornei a ligação:

- Oi amor, onde você esta?

- Chris, pule as formalidades e não faça perguntas, onde você esta?

Pelo tom de voz dela, parecia nervosa, nem pensei em desobedecer:

- Estou na quadra da escola onde eu estudo.

- Me espere na parte de fora, chego ai em alguns minutos.

Me despedi do pessoal, que fizeram algumas brincadeiras pelo fato de logo depois de eu falar com minha namorada ao celular, ter de sair assim de repente. Mas eu dei risada, não me importei.

Me vesti, e em 10 minutos o carro da Sil encostou perto de mim:

- Entre.

- O que aconteceu?

- Vai acontecer se você não tentar acalmá-lo.

- Danilo de novo?

- Sim! Todos os canais de TV estão transmitindo ao vivo o seu irmão quebrando a igreja da Praça da Sé inteira.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nikolas :)

Asamiya Zaoldyeck disse...

Caraca! O cara tá quebrando a Igreja da Praça da Sé? O.O
Droga, Bbk, por que você tem que nos viciar assim nessa história?
Mais um capítulo fantástico!