Sil desceu do carro comigo e me acompanhou até o portão da minha casa, minha Mãe estava conversando com um policial, e eu logicamente não precisei de muito tempo até perceber que o assunto era Dan.
- Ele sumiu mesmo, faz uma semana que não da noticias, não liga...
- Ele deixou algum pertence de valor ? A Senhora encontrou alguma arma ou algo do tipo ?
- Nada Senhor. Chris, você viu algo que queira dizer ?
Quando minha Mãe me perguntou isso, só parei pra pensar um pouco, mas meu irmão realmente não trouxe nada, sequer uma lembrança da Índia:
- Não ! Nada.
E os policiais começaram á se retirar.
- Peço a vocês que se descobrirem algo ou encontrarem qualquer coisa que nos leve ao acusado, por favor, entrem em contato.
Nesse instante, a palavra "acusado", feriu minha Mãe como uma bala no peito, e caiu em prantos.
- Eu não consigo pensar em um só motivo.
- O que aconteceu Mãe ?
- Seu irmão Chris. É acusado de ter matado o Pai dos seus amigos, Brian.
- Mas isso é impossível, Brian chegou ...
Foi então que me toquei, Brian foi encontrado morto no dia em que meu irmão voltou, e ambos estavam na Índia, segundo os gêmeos. Então seria verdade ?
Sil pareceu não querer participar muito, e eu não dei muita atenção a ela, estava atormentado, ela se despediu.
- Nos falamos depois Chris.
- Tudo bem, eu te ligo.
Dentro de casa, minha Mãe foi para o quarto dela, seu refúgio desde que perdeu meu Pai, e eu entrei em meu quarto, já olhando todos os cantos, quem sabe eu não acharia algo ?
Eu odeio assistir televisão aos domingos, não tem absolutamente nada. A internet então, enjoado. Sem amigos na rua. Férias de merda, não tinha como ficar pior. Ok ! Tinha. O telefone tocou, era Kau:
- Oi meu melhor amigo lindo do mundo inteiro Chris. Como está o seu domingo ensolarado ?
- Olha, eu não tenho dinheiro.
- E quem disse que eu quero dinheiro ?
- E desde quando, você me liga, e ainda mais com esse amor todo pra dar ?
- Larga de ser chato e mal-agradecido garoto, só quero te pedir um favor.
- Desde que não seja cuidar da Pam.
- Poxa Chris, ela adora você.
- Eu também adoro ela, complicado é o Tails.
- O seu quintal é enorme no fundo, deixe ele lá.
Eu pensei em não aceitar por alguns segundos, mas depois pensei bem. Os pais da Kau nunca ficam em casa, a empregada deles não trabalha aos domingos, e a Pam, irmã mais nova dela, já tinha ficado aqui em casa algumas vezes, minha Mãe adora ela, o problema é que ela não desgruda do cachorro, um Labrador que não para quieto e solta pelôs por todos os cantos. E dessa vez ela não pediu pro Dan, ela pediu pra mim, percebi a minha importância e aceitei :
- Tudo bem, manda o Roger me agradecer depois, beleza ?
- Larga de ser bobo Chris, chego ai em uma hora.
- Ok !
Assim que desliguei, já gritei pra minha Mãe :
- Mãe ! Prepare almoço dobrado, Pam e Tails estão á caminho.
- Kau pediu pra você cuidar da irmãzinha dela ?
- Sim.
- Então ta né.
Será que faz parte da vida os nossos Pais sempre duvidarem de nossas capacidades ?
Ouvi alguém chamando no portão, e quando abri a porta, Pam já estava correndo em minha direção. Admito, ela era linda, tinha o cabelo bem preto, lisinho, pele bem branquinha. Diferente da Kau que era loira, mas as duas tinham os olhos bem castanhos, e se pareciam muito.
- Oi lindinha ?
- Oi.
- Minha Mãe fez bolo de sobremesa ...
- Eba !
- Mas só vai comer se almoçar.
Foi ai que eu desfiz a expressão de alegria dela.
Roger sequer desceu da moto, nem me importei muito na verdade :
- Obrigado Chris, voltamos lá pelas 20 horas pra busca-lá.
- Não se preocupem, amarrarei ela bem forte na cadeira.
Kau me olhou com uma cara fechada.
- Brincadeirinha.
Acho que andei demais com os gêmeos, as brincadeiras saem espontaneamente.
Logo que entrou, Pam já se sentou no sofá, e minha Mãe foi falar com ela. Aproveitei o momento para levar Tails para o quintal dos fundos, tinha uma porta na cozinha que dava pra parte de trás da casa. Já tinha um pedaço de madeira, onde podíamos deixar a porta aberta e ele não ultrapassava, pois ele já tinha ficado algumas vezes lá.
Voltei para o computador e liguei o videogame do meu irmão na sala, pra Pâmela ficar entretida, afinal, eu não sabia o que fazer. E queria muito explicar a situação de ontem para Silvana. Mas explicar o que ? Nem eu tinha mais certeza de nada, e pensei o dia todo.
Pam de repente, apareceu na porta do meu quarto.
- Chris, enjoei.
- Tudo bem linda, quer fazer o que ?
- Não sei.
Pensei rapidamente e lembrei que no fundo de casa, tinha umas estantes cheias de brinquedos e coisas antigas, e o cachorro estava lá, então seria a combinação perfeita.
Fiquei na sala, e como minha Mãe estava no quarto, eu corria toda hora até cozinha, e falava com Pam pela porta. Em uma das minhas idas, resolvi dizer a ela :
- Se tiver algum brinquedo que você goste muito, pode me avisar que eu te dou ele.
Ela concordou com a cabeça, só tinha coisa velha mesmo.
E foi nesse dia, que eu descobri que minhas férias seria uma constante balança entre o tédio e o desespero, pois ouvi alguma coisa de ferro se arrastando pelo chão do quintal, e corri rapidamente para ver o que era, quando cheguei, Pam estava segurando uma enorme espada de metal, manchada de sangue, e com uma faixa enrolada até a metade :
- Chris, eu quero esse.
- Eu não sei porque, mas acho que esse daí, você não vai poder levar.
2 comentários:
Como sempre, deixa um gostinho de 'quero mais' para a próxima sexta.
Nice =)
Se eu morrer de curosidade, terá que carregar a culpa eternamente.
=*
Fantástico!
Adorei esse capítulo!
Como perdi a noção do tempo, acabei esquecendo de acompanhar o blog e por isso os capítulos se acumularam. Isso é tão bom! *-*
Agora vou poder ler direto!!!!!
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